Em menos de 2h, Padilha já é alvo de pedido de convocação na Câmara

Menos de duas horas após tomar posse como ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT) já foi alvo de requerimento de convocação da Câmara dos Deputados.

O objetivo é obter explicações do médico infectologista sobre o convite para assumir o cargo de presidente de honra na associação China Hub Brasil, revelado pela coluna nesta segunda-feira (10/3). A entidade tem financiamento e apoio de megaempresas chinesas com interesses comerciais no governo federal, especialmente na pasta.

A entidade busca “a relação econômica, cultural e comercial entre empresas brasileiras e chinesas”. Além de fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, dará consultoria para associadas e promoverá parcerias públicas e privadas.

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Para o autor do requerimento, deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), o cargo pode ferir princípios da administração pública. O pedido de convocação foi apresentado às 16h31, cerca de uma hora e meia depois da posse de Padilha.

“O envolvimento do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com a China Hub Brasil representa preocupante golpe contra os princípios fundamentais da administração pública. Um homem de Estado deve sua lealdade exclusiva ao povo, e não a interesses estrangeiros travestidos de parcerias estratégicas”, diz o documento.

“Aceitar um cargo, ainda que honorário, em associação financiada por gigantes chinesas com interesses diretos no governo é abrir as portas para a suspeita, para o tráfico de influência e para a erosão da confiança pública. A ética na política não se mede apenas pela ausência de remuneração, mas pelo zelo intransigente pelo bem comum. Se permitirmos que ministros flertem com interesses privados, cedo ou tarde, o Estado deixará de servir à nação para se tornar mero servidor de lobbies internacionais”, prossegue Evair de Melo.

O lançamento oficial da associação ocorrerá na próxima sexta-feira (14/3), na cidade de São Paulo, com patrocínios da Mindray, uma das principais fornecedoras globais de instrumentos médicos, e da Tegma, empresa de logística de farmacêuticos.

O evento também tem apoio do Banco da China e da Huawei, gigante chinesa de tecnologia com parcerias para levar à transformação digital na saúde brasileira. A participação de Padilha, que já aceitou o cargo não remunerado, é aguardada no evento.

Padilha consultou a Comissão de Ética Pública (CEP) para saber se poderia exercer o cargo e obteve aprovação. O pedido, todavia, foi enviado em 6 de fevereiro, quando ainda era ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI).

Por isso, não avaliou a relação das empresas chinesas que participariam como financiadoras ou apoiadoras da associação. Na ocasião, já se ventilava que Padilha assumiria o comando do Ministério da Saúde, onde sempre acumulou bastante influência, inclusive nas nomeações de secretários.

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