Subsecretário da Seap é afastado por suspeita de corrupção

Rio de Janeiro – A Justiça determinou o afastamento do subsecretário de Tratamento Penitenciário da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Lúcio Flávio Correia Alves, por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção. Um detento denunciou que estava sendo coagido a pagar propina para conseguir um laudo médico e obter prisão domiciliar. Segundo ele, as cobranças chegaram a R$ 600 mil.

A decisão da 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa também afastou os inspetores Thiago Franco Lopes, Aleksandro dos Santos Rosa e Márcio Santos Ferreira. Além disso, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) e o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp/MPRJ) cumpriram 10 mandados de busca e apreensão. A Seap informou que foi notificada e que irá cumprir todas as determinações.

Denúncia e cobranças de propina

O preso Cleiton Oliveira Meneguit relatou o esquema à Justiça por meio de cartas. “Abutres que só querem tirar proveito. Estou sendo coagido a todo momento”, escreveu.

Cleiton, que realizou uma cirurgia bariátrica, precisava de um laudo para obter prisão domiciliar e se recuperar em casa. Ele afirmou que foi retirado da cela duas vezes para tratar do pedido e que exigiram R$ 600 mil para liberar o documento.

Esquema dentro da prisão

Em depoimento, Cleiton revelou que vinha sendo pressionado a fazer pagamentos a um grupo de funcionários. Transferências bancárias comprovaram os pagamentos, e a Corregedoria da Seap apurou a existência de uma organização criminosa atuando dentro do sistema prisional.

Segundo o relatório da Corregedoria, o grupo envolvia o então diretor do hospital, Thiago Franco Lopes, o subdiretor Aleksandro dos Santos Rosa e o chefe de segurança Márcio Santos Ferreira. Também foram citados um médico, um enfermeiro, um nutricionista e advogados.

Intimidação e visitas suspeitas

O detento também relatou que advogados foram até sua casa para intimidar sua companheira. As visitas foram registradas por câmeras de segurança. Nas imagens, os advogados Mônica Carvalho e Tarcísio Ayres aparecem sentados à mesa.

Três dias depois, ambos visitaram Cleiton no presídio. Segundo a Corregedoria, o encontro gerou suspeitas porque os advogados não representavam oficialmente o preso. Durante a reunião, o subdiretor Aleksandro dos Santos teria mostrado um documento que poderia ser o laudo médico negociado.

No dia anterior à visita, a dupla passou 45 minutos no andar do gabinete do diretor, conforme registros de câmeras.

O que dizem os citados

Na época da denúncia, Thiago Franco Lopes negou participação em esquemas de corrupção e afirmou que tudo fazia parte de uma “guerra política” dentro da Seap.

A Fundação Saúde informou que, ao saber da investigação, determinou o afastamento dos três profissionais mencionados no relatório. Os advogados Mônica Carvalho e Tarcísio Ayres não responderam aos pedidos de declaração.

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