Na festa de Zé Dirceu, ele manda recado a Narizinho: solte a grana

Zé Dirceu fez 79 anos. Incrível, os 78 foram ontem. Eu sou do tempo em que ele era o terror das atrizes de televisão e do erário. As atrizes de televisão vieram depois das estudantes universitárias. Depois do erário, veio o Kakay.

As festas de aniversário do Zé são sempre instrutivas. Ele usa as festas como palco para explicar o seu pensamento político e iluminar caminhos aos companheiros que não sabem fazer a hora e esperam acontecer.

Na festa de 79 anos, o Zé explicou mais uma vez, ele não se cansa, que direita é direita e que esquerda é esquerda.

A recorrência é justificável: o pessoal tem medo de dissolver os princípios ideológicos no caldeirão das alianças táticas, um problema que ele enfrenta desde o movimento estudantil. A esquerda avança no dinheiro público, mas sem perder a ternura: quantas vezes ele ainda terá de marcar essa diferença fundamental com a direita?

O guerreiro do povo brasileiro está preocupado com o risco de o PT ficar sem alianças táticas em 2026. Porque “setores da direita começam a dormir com o inimigo. Apresentam o Tarcísio como se fosse uma alternativa ao bolsonarismo, quando, na verdade, é o próprio bolsonarismo. Para vencer as eleições de 2026, temos que governar agora. E todos aqui sabem que governamos em minoria”.

É um recado para a companheira Gleisi Hoffmann, ministra responsável pela articulação política do governo, e juro que não estou rindo do aposto.

Por setores da direita, entenda-se o Centrão, com o qual o PT tem de governar agora, em minoria. A tradução do recado a Narizinho é simples: pureza, você precisa exigir compromisso, mas não tente regular grana para essa gente que coloca os valores acima de tudo; se você regular, pureza, o partido vai dormir sozinho em 2026.

Governar já foi abrir estradas e distribuir dinheiro. Agora, é só distribuir dinheiro. Esquerda atrasada é mesmo de perder a paciência: não entendia o mundo de ontem, não entende o mundo de hoje. Coitado do Zé. Aos 79 anos, ainda tem de dar lições, exceto de moral.

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