Haddad: indústria do aço disse que EUA só têm a perder com “tarifaço”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (12/3), que o setor siderúrgico informou que “os Estados Unidos (EUA) só têm a perder” com a aplicação das tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.

A declaração de Haddad foi dada após reunião com o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, no Ministério da Fazenda. No encontro, o setor apresentou medidas para negociar com os norte-americanos.

“Eles estão imaginando formas de negociar com argumentos muito consistentes, de que os Estados Unidos só têm a perder, porque o nosso comércio é muito equilibrado”, disse o ministro a jornalistas.

Segundo Haddad, o governo federal vem acompanhando a evolução das medidas impostas pelos EUA. Ele ainda sugeriu que as ações do tomadas por Donald Trump têm “repercussão doméstica” (tanto para o mercado norte-americano quanto para o brasileiro).

“Obviamente que essa taxação acaba encarecendo para o consumidor americano os produtos importados. Então, tem uma repercussão ruim também na inflação americana, embora esteja sendo contratada uma redução dos juros neste ano nos Estados Unidos, o que favorece por esse lado. Mas a indústria está preocupada”, acrescentou ele.

O setor, de acordo com Haddad, demonstrou interesse em seguir negociando com os EUA e descartou a adoção de qualquer medida mais dura no momento. “Nós não vamos proceder assim por orientação do presidente da República”, disse.

Haddad prosseguiu: “Vamos levar a consideração do governo americano, que é a um equívoco de diagnóstico. E, de fato, os argumentos trazidos pela indústria brasileira são muito consistentes e vão ajudar o Ministério do Desenvolvimento na mesa de negociação”.

Brasil não revende aço importado, rebate Haddad

O titular da Fazenda ainda desmentiu o discurso oficial dos Estados Unidos que chegou a alegar que o Brasil trabalha com a revenda de produtos importados. “As nossas vendas não são revendas, como sugeriu o discurso oficial dos Estados Unidos”, frisou.

“Nós não revendemos nada no Brasil. O que a gente importa de aço não tem nada a ver com o que a gente exporta de aço. Não é nem parte da cadeia de produção, porque nós exportamos produtos semi-acabados e importamos produtos acabados. Então, não faz o menor sentido ser acusado de re-exportar o que nós estamos importando. Não teria nem lógica esse argumento”, rebateu Haddad.

O ministro reforçou que, no momento, o que prevalecerá será o busca por negociações com os norte-americanos, mas que o governo federal analisará as propostas do setor siderúrgico brasileiro.

“A mesa de negociação que está aberta já com o governo americano e que foi bem sucedida em outros momentos do passado recente, quando atitudes semelhantes foram tomadas e revertidas em benefício do comércio bilateral. Nós estamos começando a estudar propostas do setor que tem toda a legitimidade de trazer propostas”, completou.

Além da análise sobre o “tarifaço de Trump”, o setor trouxe uma série de medidas visando a proteção da indústria nacional. “Nós vamos estudar, como sempre fazemos, nós vamos sentar”, prometeu.

A expectativa é que nos próximos dias o Ministério da Fazenda encaminhe uma nota técnica com a análise das recomendações dos produtores de aço para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

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