Conheça Frei Gilson, apoiado por bolsonaristas e ‘cancelado’ pela militância de esquerda

 

O sacerdote e cantor Frei Gilson foi trazido à tona no debate político pelas militâncias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Gilson é conservador, acumula milhões de seguidores nas redes sociais e pertence ao grupo de música gospel Som do Monte.

O canal dele no YouTube possui 6,6 milhões de inscritos, enquanto o perfil no Instagram é seguido por 7,8 milhões de pessoas. Além das canções religiosas, promove transmissões ao vivo.

Um grupo no Telegram ligado à militância nas redes a favor de Lula emitiu um “alerta total” a seus membros no domingo (8). A mensagem afirmava que o objetivo dos conteúdos do padre era “promover a extrema-direita e pedir votos no bolsonarismo”.

Como exemplo do alcance nas redes do religioso, o texto citou que Gilson foi capaz de reunir um milhão de pessoas em uma transmissão ao vivo durante a madrugada, em referência a uma live promovida pelo padre em 5 de março, Quarta-Feira de Cinzas.

No dia seguinte, Jair Bolsonaro publicou uma foto do frade em seu X (antigo Twitter), sem comentários. Depois, em outro post, o ex-presidente chamou o religioso de “fenômeno”, prestando solidariedade a Gilson contra “ataques da esquerda”.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também defendeu do padre e afirmou que, apesar das divergências de credo, o pároco é uma “pessoa extraordinária”.

“Começaram diversos ataques. Para quem é cristão, isso é algo natural, ser atacado por seguir a Cristo. Óbvio que, por ele ser católico e eu ser evangélico, temos nossas divergências teológicas. Mas o conheci pessoalmente, é uma pessoa extraordinária”, disse o parlamentar. “Quão deteriorada tem que ser a alma de uma pessoa que está reclamando porque tem pessoas rezando às 4 da manhã”.

Gilson Azevedo tem 38 anos e é membro da congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, da cidade capixaba de Nova Almeida. Ele foi um dos quatro religiosos citados pela Polícia Federal (PF) nas investigações sobre golpe de Estado, mas não foi implicado na trama golpista, segundo o inquérito.

De acordo com o relatório da PF, em 3 de novembro de 2022, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva enviou ao WhatsApp de Gilson o rascunho de uma “espécie de oração ao golpe”.

O texto pedia que católicos e evangélicos incluíssem em suas orações os nomes do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e de outros 16 generais, “para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda”.

José Eduardo Silva foi indiciado pela PF por participar do “núcleo jurídico” a favor da ruptura institucional, mas não foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Gilson participa e divulga eventos do Canção Nova, um grupo da Igreja Católica de orientação conservadora e ligado à produtora de vídeos Brasil Paralelo, que se notabilizou com documentários sobre história do Brasil com viés de extrema-direita.

Apesar do “alerta geral” para a militância governista, a estratégia de boicote ao padre não é consenso na base de Lula. Para o deputado federal André Janones (Avante-MG), uma ofensiva contra Gilson pode dificultar ainda mais a comunicação do governo federal com o segmento religioso.

“Não basta ser rejeitado pelos evangélicos, vamos fazer uma cruzada contra os católicos também, aí a gente se elege só com o votos dos ateus em um país em que quase 80% da população é católica ou evangélica. Que tal?”, escreveu o parlamentar, em tom irônico.

Além das críticas de Janones, um ministro de Lula demonstrou afinidade com o padre. Juscelino Filho, da pasta de Comunicações, divulgou, na última quinta-feira (6), uma foto em que recebe bênçãos do religioso. “Que Cristo possa nos renovar com sua misericórdia e nos conduzir à humildade”, publicou o ministro no Instagram.

Fonte: Estadão

 

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