Elogio de Lula à beleza de Gleisi vira arma de campanha contra ele

Ouvi na televisão que “mulheres progressistas” não gostam de ser chamadas de bonitas. De competentes, sim, de inteligentes, também, mas de bonitas não é politicamente correto.

Bolsonaro chamou de feias e “incomíveis” as mulheres petistas. Não provocou tanto barulho como provocou Lula com a referência à beleza da deputada Gleisi Hoffmann (PT).

Em cerimônia que atraiu muita gente ao Palácio do Planalto, Gleisi, até então presidente do PT, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Ontem, no evento de lançamento do programa “Crédito do Trabalhador”, dirigindo-se aos presidentes da Câmara (Hugo Motta) e do Senado (David Alcolumbre) ali presentes, Lula disse:

“É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Porque uma coisa que quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês”.

Opa! O que Lula quis dizer? Que Gleisi tornou-se ministra por ser bonita? Ou por que sendo bonita, ela terá melhores condições de aproximar Lula dos presidentes da Câmara e do Senado?

Está na capa da edição de hoje Folha de São Paulo:

“Pus mulher bonita de ministra para atrair Congresso, diz Lula”.

Está na capa da edição de hoje do Globo:

“Fala machista – Lula diz que escalou mulher bonita para aproximar Congresso”.

Está na capa da edição on-line do Estadão:

“Lula diz que colocou ‘mulher bonita’ na articulação para ter boa relação com Motta e Alcolumbre”.

Em nota intitulada “Lula e a misoginia de sempre”, o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), ironizou a fala de Lula:

“É reconfortante saber que, em pleno 2025, o presidente Lula acredita que a melhor estratégia para estreitar relações com o Congresso seja nomear uma ‘mulher bonita’ para a articulação política. Afinal, quem precisa de competência, experiência e habilidade quando se tem atributos estéticos à disposição?”.

Lula deveria ter deixado para outra ocasião o elogio à beleza de Gleisi. Escaparia assim a leituras que podem causar danos à sua imagem. Mas, chamá-lo de machista e misógino vai além da conta.

Uma pessoa machista é aquela que acredita que o homem é superior à mulher, e defende a desigualdade de direitos entre os gêneros.  Lula nunca defendeu a desigualdade entre os gêneros.

Misógino é um termo que se refere a uma pessoa que tem ódio ou aversão às mulheres. Lula nunca manifestou ódio ou aversão às mulheres, pelo contrário. E não se cansa de exaltá-las.

A aversão a Lula é enorme entre os que não se conformam em tê-lo como presidente da República pela terceira vez – um morto de fome que migrou do Nordeste para São Paulo e virou o que é.

Nas eleições de 2022, as mulheres corresponderam a 52,65% do eleitorado, e os homens a 47,33%. Lula deve sua vitória a elas, aos pobres, aos nordestinos e às pessoas com baixa escolaridade.

Se esquecer disso, dê adeus à reeleição.

 

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