Trapper que tentou salvar cão não foi o 1º a morrer afogado em lagoa

São Paulo — O trapper Luan Oliveira, conhecido como Corre Kid, que se afogou na lagoa que fica localizada no Viveiro Municipal de Cotia, região metropolitana de São Paulo, não foi a primeira pessoa a morrer no local. O músico, conhecido como Corre Kid, entrou na água para tentar salvar sua cachorra e desapareceu na tarde do dia 5 de março. O corpo dele foi encontrado na manhã seguinte.

Ao Metrópoles, Muga, um amigo muito próximo da família de Luan, disse que outras mortes já aconteceram lá. Segundo ele, o número chega a 60 vítimas. Uma publicação da Prefeitura de Cotia sobre a lagoa cita “dezenas de tragédias” que aconteceram no local.

A reportagem teve acesso a uma denúncia sobre um jovem de 14 anos que morreu afogado após entrar na lagoa. A Secretaria da Segurança Pública informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia Central de Cotia.

“Ninguém faz nada, simplesmente é só mais um [caso] pra eles”, lamentou Muga. “A gente precisa fazer com que isso mude, que ele seja o último, que não passe batido, que ele não tenha ido à toa”, falou.

A Prefeitura de Cotia, por meio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, lamentou profundamente a fatalidade e se solidarizou com os familiares e amigos de Luan. Além disso, a pasta informou que o acesso à lagoa é expressamente proibido, seja para prática de pesca ou de nado. Segundo a gestão municipal, no local, existem placas de proibição afixadas no entorno e cercas que fecham o acesso à lagoa, porém, as cercas são frequentemente vandalizadas por pescadores.

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Foi realizado o fechamento da lagoa com placas de zinco

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A Prefeitura de Cotia informou que o acesso à lagoa é expressamente proibido, seja para prática de pesca ou de nado

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Foi realizado o fechamento da lagoa com placas de zinco

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Em 7 de março, um dia depois que o corpo de Corre Kid foi encontrado, o prefeito Welington Formiga conversou com o vice-prefeito e Secretário de Obras e Infraestrutura, Paulinho Lenha, para que uma solução fosse dada em caráter emergencial, realizando o fechamento da lagoa com placas de zinco. Futuramente, grades definitivas serão instaladas no local.

Trapper entrou na lagoa sem saber nadar

O corpo de Luan Oliveira, de 25 anos, foi encontrado na manhã de 6 de março na lagoa onde ele havia se afogado na tarde do dia 5. O cantor entrou na água para salvar a cachorra dele. A lagoa está localizada na Avenida Benedito Isac Pires, no bairro do Maranhão.

Muga informou ao Metrópoles que Luan ficou desaparecido das 15h39 de quarta-feira até as 9h50 de quinta. O trapper jogou uma garrafa na água para sua cachorra, Zara, pegar. A pet foi indo cada vez mais longe e ele começou a se apavorar. Luan, então, mesmo sem saber nadar, pulou na água.

“Só ele pularia no rio para salvar a cachorra. Era uma conexão de alma entre os dois. Só ele entendia ela e só ela entendia ele. Ele não pensou duas vezes”, contou Muga. O músico conseguiu salvar a cachorra, mas, infelizmente, não resistiu. Nas redes sociais, Muga publicou o último vídeo registrado por Luan. A imagem mostra o cachorro nadando no lago onde o acidente aconteceu. Veja:

Muga revelou que Luan nunca gostou de água e nunca soube nadar. “Ele tinha medo. Ele botava a desculpa no dread, que não podia molhar, mas a gente sabia que era medo”, disse. O amigo citou o ato de coragem que foi para Luan colocar a sua vida em risco, mesmo sabendo que a lagoa era perigosa, para salvar a cachorra. “Ele não pensou duas vezes”, falou.

“Era uma pessoa única”

Segundo Muga, Luan Oliveira era “um cara muito diferenciado, estiloso, cantava bem demais, fazia todo mundo sorrir, não tinha tempo ruim pra nada, era muito coração e muito puro”. “Ele conseguia entrar e sair de todos os lugares, todo mundo gostava dele, era um cara que ninguém conseguia odiar”, falou.

Muga também relembrou como foi o dia em que o corpo de Corre Kid foi encontrado. Ele disse que não quer entrar em detalhes, mas que foi uma angústia muito grande ficar mais de 15 horas esperando uma resposta, sem saber onde estava o “irmão” dele.

O amigo de Luan quer que o acidente que vitimou o trapper seja o último. “Só a gente sabe a dor que a gente está sentindo e a gente não quer repassar isso para outras famílias. Se algo não for feito [pra evitar afogamentos na lagoa], vão ter mais e mais. O ciclo nunca vai acabar”, lamentou.

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