Estado de SP tem o equivalente a 5 mortes diárias por Covid em 2025

São Paulo — Nas primeiras semanas epidemiológicas deste ano, o estado de São Paulo registrou 356 óbitos por Covid. Contados os 63 dias entre 5 de janeiro e 9 de março, datas disponíveis no painel da Fundação Seade, é possível afirmar que a doença matou cinco pessoas por dia em 2025, ou 35 por semana. No Brasil, o número salta para 761, segundo o Ministério da Saúde.

O dado de São Paulo é 35% menor se comparado ao total do mesmo período (dez semanas epidemiológicas) do ano passado, entre 7 de janeiro e 10 de março, quando houve 550 mortes, mas ainda preocupa. A pandemia de Covid foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, há cinco anos. Ainda hoje, a doença registra casos na casa dos milhares, somente em São Paulo, que contabilizou mais de 17,6 mil neste ano.

Na capital, o cenário é o mesmo. Desde janeiro até o início de março, 62 pessoas morreram por Covid na cidade, que contabiliza 14,3 mil casos da doença em 2025. Igual ao estado, o número é menor (35%) do que o mesmo período do ano passado, quando 96 pessoas morreram somente em janeiro e fevereiro.

Para a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do estado de São Paulo, Tatiana Lang D’Agostini, a explicação para esse cenário é a baixa cobertura vacinal da doença no estado e no país. “A gente precisa lembrar que nós temos uma ferramenta muito importante pra que os óbitos por Covid não ocorram, que é a vacina. E, infelizmente, nós temos uma adesão muito baixa por parte da população”, disse Tatiana ao Metrópoles.

Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde atualizou a estratégia de imunização contra a Covid. Agora, a vacina foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação para gestantes e idosos (60 anos ou mais) e a vacina da Zalika Farmacêutica é ofertada aos brasileiros pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O esquema vacinal varia de acordo com o público. Para crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade, devem ser aplicadas três doses da vacina da Pfizer. Já as gestantes devem ser imunizadas com uma dose a cada gestação. Os idosos receberão uma dose a cada seis meses.

A vacinação dos demais grupos especiais a partir de 5 anos de idade será realizada periodicamente em qualquer sala de vacina, sendo a cada seis meses para imunocomprometidos e a cada ano para os demais grupos de risco.

Para combater a doença, é preciso mudar a mentalidade e entender que a Covid é endêmica, como outras doenças respiratórias e, portanto, vai continuar circulando e variando entre épocas com alta e baixa de casos — o que reforça a necessidade da vacinação para a proteção da população. É isso o que destaca a infectologista Mirian Dal Bem, Hospital Sírio-Libanês.

“Hoje a vacinação da Covid se tornou de rotina, porque se tornou uma doença endêmica. Mas, infelizmente, os grupos de pessoas que têm indicação de tomar vacina periodicamente não estão indo procurar a vacina com a prevalência que a gente esperava”, disse a médica. “Há estados nos quais apenas metade das pessoas que deveriam ter sido vacinadas estão com a caderneta em dia.”

De acordo com o painel da Seade, no perfil dos óbitos por Covid que foram analisados até dezembro de 2023, 69,3% das mortes ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais.

Alta dos casos de Covid

Ao observar as dez últimas semanas epidemiológicas de 2024 e as dez iniciais de 2025, é possível constatar um aumento de 345% nas mortes em São Paulo. Entre 10 de novembro e 29 de dezembro de 2024, morreram 80 pessoas por Covid no estado, contra 356 somente no início deste ano.

O mesmo pode ser observado entre o registro de casos confirmados da doença. No final de 2024, 10,2 mil novos casos de Covid foram registrados, enquanto neste ano esse número praticamente dobrou, chegando a 22,2 mil notificações.

A infectologista Mirian Dal Bem explica que o aumento de casos e de mortes é esperado pós festas de fim de ano e o feriado de Carnaval. “As pessoas se reúnem mais, tem mais aglomerações. É um padrão de comportamento da doença que a gente já vem observando nos últimos dois anos”, explica.

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De acordo com a OMS, variantes consideradas de preocupação são aquelas que possuem aumento da transmissibilidade e da virulência, mudança na apresentação clínica da doença ou diminuição da eficácia de vacinas e terapias disponíveis

Já as variantes de interesse apresentam mutações que alteram o fenótipo do vírus e, assim, causam transmissões comunitárias, detectadas em vários países
Apesar da alta taxa de transmissão, a Ômicron possui sintomas menos agressivos que o coronavírus
Em setembro de 2020, a variante Alfa foi identificada pela primeira vez no Reino Unido. Ela possui alta taxa de transmissão e já foi localizada em mais de 80 países. Apesar de ser considerada como de preocupação, as vacinas em uso são extremamente eficazes contra ela
Com mutações resistentes, a variante Beta também foi classificada como de preocupação pela OMS. Identificada pela primeira vez na África do Sul, ela possui alto poder de transmissão, consegue reinfectar pessoas que se recuperaram da Covid-19, incluindo já vacinadas, e está presente em mais de 90 países
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Desde o início da pandemia, dezenas de cepas da Covid-19 surgiram pelo mundo. No entanto, algumas chamam mais atenção de especialistas: as classificadas como de preocupação e as de interesse

Viktor Forgacs/ Unsplash

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De acordo com a OMS, variantes consideradas de preocupação são aquelas que possuem aumento da transmissibilidade e da virulência, mudança na apresentação clínica da doença ou diminuição da eficácia de vacinas e terapias disponíveis

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Já as variantes de interesse apresentam mutações que alteram o fenótipo do vírus e, assim, causam transmissões comunitárias, detectadas em vários países

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Apesar da alta taxa de transmissão, a Ômicron possui sintomas menos agressivos que o coronavírus

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Em setembro de 2020, a variante Alfa foi identificada pela primeira vez no Reino Unido. Ela possui alta taxa de transmissão e já foi localizada em mais de 80 países. Apesar de ser considerada como de preocupação, as vacinas em uso são extremamente eficazes contra ela

Aline Massuca/Metrópoles

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Com mutações resistentes, a variante Beta também foi classificada como de preocupação pela OMS. Identificada pela primeira vez na África do Sul, ela possui alto poder de transmissão, consegue reinfectar pessoas que se recuperaram da Covid-19, incluindo já vacinadas, e está presente em mais de 90 países

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A variante Gama foi identificada pela primeira vez no Brasil e também é considerada de preocupação. Ela possui mais de 30 mutações e consegue escapar das respostas imunológicas induzidas por imunizantes. Apesar disso, estudos comprovam que vacinas disponíveis oferecem proteção

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A variante Delta era considerada a mais transmissível antes da Ômicron. Identificada pela primeira vez na Índia, essa variante está presente em mais de 80 países e é classificada pela OMS como de preocupação. Especialistas acreditam que a Delta pode causar sintomas mais severos do que as demais

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Detectada pela primeira vez na África do Sul, a variante Ômicron também foi classificada pela OMS como de preocupação. Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, número superior ao das demais variantes, é mais resistente às vacinas e se espalha facilidade

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Classificada pela OMS como variante de interesse, a Mu foi identificada pela primeira vez na Colômbia e relatada em ao menos 40 países. Apesar de ter domínio baixo quando comparada às demais cepas, a Mu tem maior prevalência na Colômbia e no Equador

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Apesar de apresentar diversas mutações que a tornam mais transmissível, a variante Lambda é menos severa do que a Delta, e é classificada pela OMS como de interesse. Ela foi identificada pela primeira vez no Peru

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Localizada nos Estados Unidos, a variante Épsilon é considerada de interesse pela OMS. Isso porque a cepa possui a capacidade de comprometer tanto a proteção adquirida por meio de vacinas quanto a resistência adquirida por meio da infecção pelo vírus

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As variantes Zeta, identificada no Brasil; Teta, relatada nas Filipinas; Capa, localizada na índia; Lota, identificada nos Estados Unidos; e Eta não são mais consideradas de interesse pela OMS. Essas cepas fazem parte do grupo de variantes sob monitoramento, que apresentam risco menor

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Identificada pela primeira vez na França, a Deltacron combina características das mutações Delta e Ômicron. Segundo a diretora da OMS, Maria Van Kerkhove, ainda não há evidências de que a nova variante seja mais grave do que a Delta ou a Ômicron separadamente. Com dois casos identificados no Brasil, no início de março de 2022, a cepa também já foi encontrada em países da Europa e nos Estados Unidos

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Além da vacina, para combater a doença, a médica recomenda reforçar do hábito de higienizar as mãos com álcool em gel. Além disso, a infectologista indica que, quem apresentar algum sintoma, deve evitar locais aglomerados e usar máscara em locais públicos.

“Se apresentar qualquer sintoma respiratório, saiba você ou não se é Covid ou outra infecção, evite expor outras pessoas àquela doença. Algo que é leve em você, que vem só com um nariz escorrendo e dor de garganta, pode ser uma doença grave em uma pessoa que tem o sistema imune mais debilitado”, alertou.

Na capital paulista, a vacinação ocorre nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas, no mesmo horário. A população pode encontrar a unidade mais próxima por meio da plataforma Busca Saúde.

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