Ouça mafioso italiano negociando preço para incluir droga em contêiner

Um áudio usado pelo Ministério Público Federal (MPF) para denunciar Willian Barile Agati no âmbito da operação Mafiusi, que investiga uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas, mostra um mafioso italiano negociando preços para colocar drogas em contêiner.

A gravação, diz a Polícia Federal (PF), é de uma conversa entre Marlon da Conceição Santos, integrante do Primeiro Comando da Capital conhecido como “Negão”, Jeferson Barcellos de Oliveira, líder do grupo que colocava drogas em contêineres no porto de Paranaguá (PR), e Nicola Assisi.

Assisi foi preso no Brasil em 2019 e é integrante da máfia italiana ‘Ndrangheta.

 

“Amigo, como vai ser, falar de dinheiro, pra nós saber”, questiona Assisi ao introduzir o assunto na conversa. Barcellos responde que seria “950”.

Ao ouvir o preço, Assisi reclama, pergunta se o preço havia aumentado e que outra pessoa passou a ele um valor mais baixo.

“Ôxi, aumentou, mano? oitocentos e cinquenta, o Ferrugem passou isso pra nós…”, afirmou Assisi.

Depois de uma breve negociação, Barcellos se convence. “Não…vamos fechar no oitocentos e cinquenta…”.

Depois, Assisi fala sobre a quantidade de droga a ser transportada. “Quanto dá pra fazer, quinhentos (quilos) dá pra fazer? Numa lata só”, pergunta o italiano.

Marlon, então, diz que essa quantia não caberia no caminhão de transporte e Assisi retruca: “Mas menos que isso, truta”. Marlon, por sua vez, segue dizendo que a quantia não caberia no veículo e afirma que “quatrocentas cabe no caminhão”.

Assisi, então, passa a organizar a situação: “Bom. Quanto da para fazer amigo ? Quantas peças ? A gente vai ser organizando aqui.”

Durante a gravação, segundo o MPF, eles também falaram sobre as remessas de droga e sobre a obtenção de agendamentos para que os caminhoneiros pudessem ingressar no Terminal. Assisi comenta que tem preferência para remeter cocaína para o Porto de Algeciras, na Espanha.

Inicialmente, Barcellos fala que não mexe com a mercadoria porque, se o fizesse, “queimei o serviço”. Nisso, é questionado por Assisi sobre como seria o “papel” e Marlon diz ser necessário informar o destino.

A conversa é de 2019. No ano seguinte, Barcellos foi assassinado após cargas de drogas serem apreendidas. A suspeita é que o crime tenha sido a mando de traficantes.

O mesmo esquema de Barcellos utilizado por Nicola Assisi para envio de droga ao exterior também seria usado por Willian Agati, ligado à cúpula do PCC. A defesa de Agati, no entanto, nega que ele tenha cometido qualquer tipo de crime.

Agati, também conhecido como “concierge do crime”, é apontado como o elo entre a cúpula do PCC a compradores de drogas no exterior, entre eles a ‘Ndrangheta.

Willian Barile Agati, conhecido como o “concierge do crime”, tem ligações com o pastor Valdemiro
Defesa

Eduardo Maurício, advogado que defende Willian Barile Agatti afirma que seu cliente não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados.

O advogado afirma, ainda, que Willian Barile Agatti é inocente, nunca teve nenhuma associação criminosa com nenhum membro da facção criminosa PCC, muito menos com a máfia italiana, “bem desconhece Nicola Assisi e nunca participou de nenhuma negociação ilícita de drogas ou de qualquer outro ilícito, sendo um empresário idôneo de conduta ilibada”.

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