Aniversário de Aracaju: a história por trás da data

 

Em 1855 Inácio Joaquim Barbosa assinou a resolução transferindo a capital da província de Sergipe Del Rey de São Cristóvão para Santo Antônio de Aracaju, povoado de pescadores a beira do rio Sergipe.

Durante 250 anos a capital da província de Sergipe era São Cristóvão, mas por conta da distância do mar existia muita dificuldade no escoamento de produtos por via fluvial já que os grandes navios não conseguiam navegar no rio da cidade, e essa era a grande reclamação dos senhores de engenho.  Antes mesmo da chegada de Inácio Barbosa a Sergipe em 1853, já havia sugestão e reclamações em relação à falta de porto em São Cristóvão. Laranjeiras chegou a ser cogitada para ser a nova capital,  tanto por seu desenvolvimento cultural, como por ficar no Vale do Cotinguiba; Estância também.

Em entrevista cedida ao Correio de Sergipe em 2016, a historiadora Aglaé Fontes conta que a  transferência da capital foi resultante do projeto de conciliação do Imperador Dom Pedro II. Os partidos políticos na época, os rapinas e camundongos, estavam se acabando de brigar, então o Imperador resolveu, que no projeto dele de provocar uma conciliação no país inteiro, de enviar uma pessoa que fosse fora do esquema político local para governar a província, vindo para cá o advogado, Inácio Barbosa de 33 anos secretário da Província do Ceará”, conta a professora e pesquisadora.

Inácio Barbosa assumiu a província quando a capital ainda era São Cristóvão. Durante o ano de 1854 a Câmara de Deputados Provinciais se revoltou porque o presidente da província passou a fazer reuniões fora do núcleo de São Cristóvão com os senhores de engenho.

“Em 17 de março de 1855 Inácio Barbosa assina uma resolução que mudou a capital para um Povoado de Aracaju, porque ficava na área do Cotinguiba. O povo de São Cristóvão perdeu o poder de presidência da província, tudo era muito pequeno e simples, mas perdeu um poder que se alicerçou durante 250 anos. Quando foi para a aprovação da proposta de Inácio, dos 20 deputados dois foram contra e 18 a favor, então não tinha mais jeito, o povo protestou, fez carta para o Imperador, mas de nada adiantou. A capital foi mudada para um povoado de pescadores”, descreve.

De acordo com relatos da professora Aglaé, o Povoado Santo Antônio de Aracaju, que hoje é o bairro Santo Antônio, tinha inúmeros problemas. A água não era boa, era uma área insalubre, tinha muito pântano, mangue e lagoas. “É tanto que é que houve epidemia de febres que foi chamada de febres de Aracaju e muita gente morreu, inclusive Inácio Barbosa. Ele mudou a capital em março e em outubro morreu de febres”, conta.

Aracaju foi a segunda capital planejada do Brasil, a primeira foi Teresina em 1852. Mesmo com a morte do presidente da Província de Sergipe Del Rey, Inácio Barbosa, o engenheiro Sebastião Pirro contrato para a construção da cidade deu continuidade ao projeto.

“A Praça General Valadão, antes chamada de 24 de Outubro, é o marco zero de Aracaju. No Santo Antônio era um tipo de residência, mas a cidade quadrilátera planejada por Pirro foi da praça adiante. Na praça foi construída a Alfândega, que hoje é o Centro Cultural, também foi construído um prédio para a polícia e dai em diante a cidade passou por um processo de desenvolvimento, com a construção de prédios, Palácio de Governo e foi crescendo”, conta.

 

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