Cláudio Castro ordenou que PM mentisse sobre 400 mil pessoas em ato de Bolsonaro

Rio de Janeiro – A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou que 400 mil pessoas participaram do ato em favor da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. No entanto, segundo o jornalista Octavio Guedes, da GloboNews, esse número foi determinado pelo governador Cláudio Castro (PL), contrariando estimativas independentes.

A Universidade de São Paulo (USP) calculou que, no ponto mais cheio, cerca de 18 mil pessoas estavam na Avenida Atlântica. A PM normalmente evita divulgar números em eventos políticos, mas desta vez se posicionou na disputa de narrativas sobre o protesto.

Ordem teria partido do governo

A decisão de divulgar o número inflado teria vindo diretamente do Palácio Guanabara. Fontes indicam que Castro ligou para o comandante da PM, coronel Menezes, que inicialmente estimou 50 mil participantes. O governador, então, teria exigido que o comunicado oficial indicasse 400 mil.

A informação foi amplamente compartilhada por bolsonaristas influentes, como o pastor Silas Malafaia e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que usaram o dado para rebater críticas sobre a baixa adesão ao evento.

Contradições nos cálculos

Estudos indicam que a área ocupada na Avenida Atlântica foi de menos de 20 mil metros quadrados. Para que houvesse 400 mil pessoas, seria necessário um adensamento de 20 pessoas por metro quadrado, algo fisicamente impossível.

O método tradicional da PM para estimar públicos considera dados históricos e costuma superdimensionar projeções para garantir efetivo policial adequado. Contudo, neste caso, o número divulgado teve um impacto político direto.

Impacto na anistia de Bolsonaro

A baixa adesão pode enfraquecer a pressão pela anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A Câmara dos Deputados já tem maioria para aprovar o projeto, mas o Senado representa um desafio maior.

Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro tenta reverter sua situação por meio da anistia e de possíveis mudanças na Lei da Ficha Limpa. No entanto, esse processo dependeria de uma articulação política mais ampla.

Especialistas analisam

Para o professor Pablo Ortellado, da USP, o baixo comparecimento não significa necessariamente o fim do movimento bolsonarista. “Os números podem oscilar, mas só seria um sinal de declínio se houvesse uma sequência de manifestações com baixa participação”, explicou.


Entenda o caso: a polêmica dos números em manifestações políticas

  • Estimativa oficial: A PM do Rio divulgou 400 mil participantes no ato em Copacabana.
  • Estudo independente: A USP estimou 18 mil pessoas no pico do evento.
  • Determinação política: Fontes indicam que o governador Cláudio Castro ordenou a alteração dos números.
  • Disputa de narrativas: O dado oficial foi amplamente usado por aliados de Bolsonaro para reforçar sua mobilização.
  • Impacto na anistia: A baixa adesão pode afetar a pressão política para aprovar a anistia aos condenados de 8 de janeiro.

ESTAMOS NAS REDES

Siga no Bluesky – Siga-nos no X (antigo Twitter) – Siga-nos no Instagram – Curta no Facebook – Inscreva-se no Youtube – Participe do Canal no WhatsApp

O post Cláudio Castro ordenou que PM mentisse sobre 400 mil pessoas em ato de Bolsonaro apareceu primeiro em Diário Carioca.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.