PF liga concierge do PCC a ex-empresário do cantor Alexandre Pires

A Polícia Federal (PF) recebeu relatórios sobre transações suspeitas entre um denunciado por tráfico internacional de drogas e o ex-empresário de Alexandre Pires, do grupo Só Pra Contrariar, e de outros cantores brasileiros.

As informações recebidas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram transações entre empresas de Willian Agati e Matheus Possebon.

Agati está preso e foi denunciado por sua atuação como “concierge” de integrantes da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvidos no tráfico por via marítima e aérea.

Ele fornecia, segundo a Polícia Federal, diversos serviços a integrantes da facção, como a logística para o tráfico, sistema para lavagem de dinheiro e intermediações com grupos criminosos no exterior. Por essa atuação recebeu o apelido de “concierge do crime” do PCC.

Possebon é um conhecido empresário de cantores brasileiros e atuou para Alexandre Pires até dezembro de 2023, quando romperam após os dois virarem alvos de uma operação da PF sobre garimpo em terras indígenas.

Foto colorida de Alexandre Pires - Metrópoles
O cantor Alexandre Pires

Agora, o empresário aparece na operação Mafiusi, que tem Agatti e um grupo especializado em tráfico internacional como alvos.

Possebon é citado em relatórios produzidos pela PF para analisar dezenas de relatórios enviados pelo Coaf e que embasaram pedido de busca e apreensão contra ele.

Ao se manifestar no pedido da PF, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que Possebon atuava no esquema de Agati para lavagem de dinheiro proveniente do tráfico.

“As análises evidenciam que Matheus Possebon atua como mais um parceiro de Willian Agati na lavagem dos recursos obtidos no tráfico internacional de entorpecentes cedendo a sua pessoa jurídica que atua na área de eventos para realizar transações bancárias irregulares com pessoas relacionadas a Willian Agati”, disse o MPF.

A H Brazil Produções, segundo a PF, de Possebon, aparece em 10 operações apontadas pelo Coaf, cujo destinatário é a Burj Motors, de Agati. o valor total é de R$ 1,6 milhão.

O próprio empresário, na pessoa física, aparece em transações no valor de R$ 64 mil com outra empresa ligada a Agati, a F1RST Agência de Viagens.

A esposa de Agati, Rany Arrabal, e seu pai, Wagner, diz a PF, fizeram transferências para uma cunhada do empresário e, também, à mãe de Possebon.

“Essas transações indicam o uso do meio artístico como instrumento de lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico internacional. É importante ressaltar que, segundo pesquisas em redes sociais e na internet, Matheus Possebon atua como empresário ou agente do cantor premiado com o Grammy e de expressão internacional, Alexandre Pires”, diz relatório da PF.

Operação Mafiusi

A operação Mafiusi foi deflagrada pela Polícia Federal em dezembro de 2024 e mira o grupo liderado por Willian Agatti.

Segundo a PF, o grupo de Agati dominava a rota marítima entre o porto de Paranaguá (PR) e o localizado na cidade espanhola de Valência e, também, uma rota aérea entre o Brasil e aeroportos na Bélgica.

Entre os clientes no exterior estava a máfia calabresa ‘Ndrangheta. Ao longo das investigações que desaguaram na operação Mafiusi, a PF chegou a prender os italianos Nicola e Patrick Assisi, apontados como lideranças da máfia.

O grupo liderado por Agati, segundo a PF, era dividido em três núcleos. O de liderança e coordenação, integrado por criminosos que exerciam o comando da organização criminosa.

O operacional, formado por responsáveis por operacionalizar a remessa dos carregamentos de droga para o exterior através dos modais marítimo e aéreo.

E por fim, o financeiro, integrado por operadores que cuidavam de “uma complexa rede de pessoas físicas e jurídicas por meio da qual movimentam cifras multimilionárias em diversas contas bancárias, com transações características de ocultação/dissimulação da procedência ilícita dos valores”.

O MPF já apresentou denúncia contra integrantes do primeiro e segundo grupo, entre eles Agati. Agora a PF continua com as investigações para completar a investigação sobre como o grupo por meio de empresas e das transações apontadas pelo Coaf lavavam o dinheiro do tráfico.

Defesas

Por meio de nota, os advogados Fabi Cavalcanti e Alberto Ruttke afirmaram que Matheus Possebon é empresário “atuante no ramo de entretenimento e não possui nenhuma relação com os fatos investigados na Operação Mafiusi.”

“Até a presente data não há qualquer acusação formalizada contra si. Já apresentou os esclarecimentos necessários sobre as movimentações financeiras perante as Autoridades Públicas e se declara absolutamente inocente”, diz a nota dos advogados de Possebon.

Eduardo Maurício, advogado que defende Willian Barile Agatti, afirma que seu cliente não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados.

O advogado afirma, ainda, que Willian Barile Agatti é inocente, nunca teve nenhuma associação criminosa com nenhum membro da facção criminosa PCC, muito menos com a máfia italiana, “bem como desconhece Nicola Assisi e nunca participou de nenhuma negociação ilícita de drogas ou de qualquer outro ilícito, sendo um empresário idôneo de conduta ilibada”.

Procurado, o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende Alexandre Pires, disse que Possebon não trabalha mais com o cantor.

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