Um sinal de rádio foi identificado ano passado e intrigou astrônomos, que não sabiam de onde as emissões vinham. Mas parece que isso mudou: pesquisadores liderados por Charles Kilpatrick, da Universidade Northwestern, suspeitam que os pulsos foram emitidos por uma estrela do tipo anã vermelha e sua vizinha, que pode ser uma estrela “morta”.
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Detectado pela primeira vez em 2015 nos dados do radiotelescópio Low Frequency Array (LOFAR) na direção da constelação da Ursa Maior, o sinal se repete a cada duas vezes e foi registrado novamente no ano passado. Agora, os resultados sugerem que a repetição se deve aos campos magnéticos dos astros presentes no sistema ILTJ1101.

É ali que parece haver uma anã vermelha e uma anã branca, o resto de uma estrela com massa parecida com a do Sol. A descoberta surpreendeu os autores, porque até então, emissões de rádio do tipo foram identificadas somente nas estrelas de nêutrons, que são como “zumbis cósmicos”.
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Segundo Kilpatrick, já se sabe que as estrelas de nêutrons altamente magnetizadas são capazes de emitir pulsos de rádio. “Agora, sabemos que pelo menos alguns transientes e rádio de período longo vêm dos [sistemas] binários. Esperamos que isso motive os radioastrônomos a localizar novas classes de fontes que possam vir de estrelas de nêutrons ou sistemas binários de magnetares”, acrescentou.
Com observações detalhadas, os autores rastrearam o movimento do sistema e coletaram informações da anã vermelha. Eles notaram que o astro se move para frente e para trás rapidamente, acompanhando as duas horas das emissões de rádio. “Esta é uma evidência convincente de que ela está em um sistema binário”, observou ele.
O movimento da estrela parece ser causado pelos efeitos gravitacionais da sua vizinha, que é quase invisível. No fim, os autores concluíram que a variação do movimento se deve à massa da anã branca. “Isso confirma a hipótese principal da origem da anã branca binária e é a primeira evidência que temos dos sistemas causadores das emissões de rádio transientes de período longo”, concluiu.
Nos próximos passos, os autores querem estudar as emissões em ultravioleta de ILTJ1101, porque elas podem revelar mais sobre as características das estrelas ali. “Com diferentes técnicas e observações, ficamos passo a passo mais próximos da solução”, comentou Iris de Ruiter, cientista que observou o sinal no ano passado.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
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