Zelensky apoia pausa nos ataques, mas alerta para manobra russa

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça-feira (18/3) seu apoio à proposta dos Estados Unidos de interromper os ataques à infraestrutura energética russa. Contudo, ele alertou que a Rússia estaria tentando atrasar as negociações lideradas pelos EUA e enfraquecer Kiev ao fazer novas exigências.

“Nosso lado [apoiaria] isso”, declarou Zelensky.

A declaração de Zelensky ocorreu após a Casa Branca anunciar que o presidente russo, Vladimir Putin, concordou com a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma paralisação de 30 dias nos ataques à infraestrutura energética ucraniana. Putin e Trump conversaram por telefone na manhã desta terça-feira, discutindo a iniciativa.

Desde a invasão em grande escala de fevereiro de 2022, a Ucrânia tem utilizado drones de longo alcance para atacar infraestruturas petrolíferas russas, como refinarias, visando prejudicar seu adversário. Em resposta, a Rússia lançou mísseis e drones contra usinas de energia ucranianas, causando apagões em larga escala e, mais recentemente, atingindo locais de produção de gás natural.

Novamente, o líder ucraniano ressaltou que, “Moscou não está pronta para o cessar-fogo”, deixando clara sua desconfiança quanto a iniciativa do Kremlin.

Zelensky enfatizou que apoiaria qualquer proposta que levasse a uma “paz estável e justa”. Entretanto, ele acredita que a Rússia se opõe claramente à proposta, com a qual Kiev concordou, em princípio, durante as negociações da semana passada com autoridades dos EUA em Jeddah.

Pressão constante pelo fim do conflito

• Na segunda-feira (17/3), Volodymyr Zelensky declarou que o líder russo, Vladimir Putin, estava ignorando a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos. O ucraniano ressaltou que Putin deseja “continuar com a guerra”.
• Zelensky defende a aplicação de novas sanções contra a Rússia, afirmando que medidas mais rígidas são fundamentais para forçar Moscou a encerrar a guerra, que já completa três anos.
• A proposta de cessar-fogo surgiu após uma reunião entre autoridades dos Estados Unidos e da Ucrânia — o primeiro encontro desde o confronto verbal entre Zelensky e Donald Trump na Casa Branca. Durante a reunião, Washington sugeriu uma trégua de 30 dias, prontamente aceita por Zelensky, e sem uma resposta direta do Kremlin.
• Putin, porém, condicionou seu apoio ao cessar-fogo à garantia de que a Ucrânia não utilizaria o período para reforçar seu aparato militar. A condição foi classificada por Zelensky como “desrespeitosa e manipuladora”.
• O presidente ucraniano alerta para possíveis manobras para Rússia, e diz não confiar plenamente nas palavras e atitudes de Putin.

Zelensky destacou que, desde as negociações na Arábia Saudita, a Rússia lançou mais de 1.300 bombas guiadas, oito mísseis e quase 600 drones de ataque de longo alcance na Ucrânia. Ele acrescentou que a própria Ucrânia propôs a ideia de um cessar-fogo na infraestrutura de energia durante as negociações.

Enquanto isso, Trump destacou que “muitos elementos para um ‘Contrato de Paz’ foram discutidos” durante sua conversa com Putin, incluindo que milhares de soldados estão sendo mortos. Ele afirmou que espera que, pelo bem da humanidade, consigam concluir esse trabalho.

O Kremlin confirmou que Putin concorda em pausar os ataques contra o sistema elétrico da Ucrânia, e a Casa Branca destacou que Rússia e EUA vão discutir uma paz permanente.