Orvino admite caos, mas projeta melhorias no trânsito de São José: ‘Buscando alternativas’

São José celebra 275 anos de história neste 19 de março. Uma cidade marcada por crescimento acelerado, desafios urbanos e projetos que moldam o futuro do município. À frente da gestão municipal, o prefeito Orvino Coelho de Ávila, em entrevista ao jornal ND, avalia o desenvolvimento da cidade, os desafios enfrentados pela administração, e compartilha sua visão para São José nos próximos anos.

Prefeito Orvino agradece à cidade por sua trajetória – Foto: felipe carneiro/pmsj/divulgação/ND

Com uma população que se aproxima dos 300 mil habitantes, a cidade passou por transformações significativas ao longo das décadas, consolidando-se como um dos principais polos econômicos e residenciais da Grande Florianópolis.

Orvino destaca avanços na mobilidade urbana, investimentos em infraestrutura e projetos de habitação e lazer, que buscam melhorar a qualidade de vida dos moradores. Entre as iniciativas mais esperadas estão a revitalização da Beira-Mar de Barreiros, além da regularização fundiária e a ampliação de vagas na educação infantil.

Entrevista com prefeito Orvino Coelho de Ávila

ND: São José chega aos 275 anos com uma trajetória de grandes mudanças. Como o senhor avalia a evolução da cidade ao longo das últimas décadas?

Orvino Coelho de Ávila: Ah, houve uma modificação enorme. Eu tive a honra de começar a participar da vida da cidade nos 226 anos. E chegar aos 275 com essa grandeza, com essa prosperidade… Nós tínhamos, na ocasião, lá em 1977, 51 mil habitantes. Hoje estamos chegando a 300 mil. Quando se fala dos eleitores, nós tínhamos 26 mil, mas estamos chegando aos 200 mil.

Isso demonstra a pujança, o crescimento, o desenvolvimento dessa cidade que tão bem acolhe. Comigo não foi diferente. Foi a cidade que me acolheu de menino, que me deu a minha formação, a minha base, tudo o que sou hoje.

Então, eu só tenho gratidão a São José. Tudo o que eu puder fazer por essa cidade, por essa população, eu vou fazer, porque devo isso à população.

São josé é uma das cidades de Santa Catarina que mais se destacam – Foto: Divulgação/ND

ND: O crescimento populacional trouxe desafios significativos, especialmente na mobilidade urbana. Quais estratégias têm sido adotadas?

Orvino: A gente tem desenvolvido todos os esforços para melhorar a mobilidade. Trabalhamos muito no primeiro mandato. Acabamos de entregar uma obra extremamente importante, que era o último eixo, a última perna, digamos, de ligação, para você sair do Norte e vir ao Sul. Sair da lateral da BR e chegar na 281. Hoje é possível cortar o município de Norte a Sul sem depender da BR-101.

Continua sendo um problema, um caos, e ainda está muito saturado e a gente tem que ir buscando alternativas, fazendo outras ligações menores. Pequenas ligações que têm uma importância grande para unir dois, três, quatro, cinco bairros.

ND: Além da mobilidade, quais são hoje as principais dificuldades enfrentadas pela administração municipal?

Orvino: Principalmente depois da pandemia, a própria educação cresceu sobremaneira. Nós temos mais de 32 mil alunos. Com o passar dos tempos, o governo federal só mandou atribuições aos municípios, sem, no entanto, repassar recursos na mesma proporção. Fazer as coisas sem recursos é sempre muito difícil.

Os municípios, não só os catarinenses, mas os brasileiros em geral, têm passado por muitas dificuldades, porque só aumentou a demanda, sem que aumentassem os recursos. Isso traz sérios problemas para todos nós.

ND: A cidade tem recebido investimentos? Quais projetos o senhor destacaria como os mais importantes para a população?

Orvino: Começamos com a grande obra que foi a ligação da Nova São José com o Alto da Colina. Dentro disso, já está embutida outra ligação, que é a área industrial do Lisboa, nessa mesma avenida. Nós fizemos no início do mês, foi o primeiro grande presente para a cidade.

Lançamos a pedra fundamental de mais um empreendimento, com a participação do governo federal, de 200 apartamentos no Horto Florestal, uma região que vai crescer muito. Fazia 20 anos que não se entregava moradia popular.

Nós entregamos 96 apartamentos, que eram uma obra parada desde 2007, 2008, virada num estábulo. Agora, com mais esses 200, a empresa vencedora vai tratar diretamente com a Caixa. O município entrou com o terreno, o que vai baratear muito e permitir que mais de 200 famílias se instalem lá.

Temos um programa que me dá muita satisfação e alegria de desenvolver, que é a regularização fundiária. Hoje temos a entrega de quase 200 terrenos. São 200 moradias regularizadas, que darão condições às famílias de terem um CEP, um local para chamar de seu, para poder investir. E, com a regularização, o Poder Público pode chegar com serviços de melhoria, o que facilita muito a vida dos cidadãos.

Temos também a intenção de colocar na rua o alargamento da faixa de areia da Beira-Mar de Campinas, Kobrasol, Praia Comprida e São José, que é a grande área de lazer do município.

Estamos brigando muito com a Casan para acabarmos com a famigerada lagoa de estabilização, que é uma fratura exposta no meio da cidade. A Casan tem o compromisso de nos devolver essa área. Já judicializamos a questão para que realmente aconteça. Queremos fazer ali um grande parque para atender toda aquela comunidade que carece de áreas de lazer.

Entregamos a creche do Solemar, que pegamos do zero e vai abrigar mais de 200 crianças em uma das áreas mais carentes. É uma obra que merece ser vista. Aquilo é um exemplo de como deveria ser uma obra pública bem feita para atender quem mais precisa.

Também estamos trabalhando no complexo escolar José Nitro, que vai gerar aproximadamente 600 vagas numa área bastante carente. Acredito que só através da educação podemos fazer um município, um Estado e um Brasil melhores.

ND: A Beira-Mar de Barreiros é uma obra aguardada. Em que estágio está o projeto e qual será o impacto para a região?

Orvino: A Beira-Mar de Barreiros é um sonho de mais de 40 anos que nós vamos tirar do papel. O projeto está aprovado, os recursos estão assegurados. Recebemos a LAP (Licenciamento Ambiental Prévio) agora no começo do ano.

Estamos finalizando as últimas tratativas para iniciar a licitação, o que permitirá devolver para Barreiros, um dos bairros mais tradicionais e antigos, a Leoberto Leal, que hoje é apenas um corredor de passagem.

A Beira-Mar de Barreiros, junto com o trecho de Florianópolis, que espero que também saia do papel, dará melhores condições de trafegabilidade, devolvendo a Leoberto Leal para as pessoas e para o comércio.

Orvino destaca avanços na mobilidade urbana com a Beira-Mar de Barreiros – Foto: Divulgação/Prefeitura de São José/ND

ND: Olhando para o futuro, como o senhor enxerga São José em 2050? Quais avanços espera ver concretizados?

Orvino: Olha, eu tenho certeza de que vamos trabalhar muito. Não faremos tudo o que precisa ser feito, mas, com certeza, deixaremos a cidade em condições muito melhores do que recebemos. Esse é o meu desejo, a minha vontade e o meu compromisso. Essa cidade merece.

ND: Que mensagem o senhor deixaria para os moradores de São José neste aniversário de 275 anos?

Orvino: Primeiro, quero agradecer a toda a população por tudo o que me deu, por todo o aprendizado. Sempre prometi que vontade e trabalho nunca me faltariam, e não vão faltar. Peço a Deus que me dê saúde para levar a bom termo esse compromisso e devolver uma parte à comunidade que tanto merece. Agradeço por toda a consideração e desejo a todos os josefenses, e a todos que adotaram essa cidade como sua, que tenhamos um aniversário de 275 anos pleno e que venham mais 275 anos, com crescimento pujante e hospitalidade.

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