Exposição gratuita na Alesp irá homenagear artista morto em temporal

São Paulo — O artista plástico Rodolpho Tamanini Netto, de 73 anos, que ficou preso em casa e morreu afogado durante temporal que atingiu Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, em 24 de janeiro, será homenageado com uma exposição de suas obras na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O evento, que começa na próxima segunda (24/3), é gratuito e aberto ao público.

Intitulada A Culpa não é da Chuva, a exposição é uma iniciativa da Bancada Feminista do PSol na Alesp. A mostra presta tributo ao artista, apresentando uma seleção de doze obras, pintadas por Rodolpho no período de 1985 a 2014, que retratam a cidade, pontos turísticos e cenas cotidianas como o quadro Vista do Parque do Ibirapuera.

“Rodolpho Tamanini Netto, de 73 anos, morreu dentro de sua própria casa, em Pinheiros. Foi mais um vida perdida não para as fortes chuvas, mas sim para a negligência do Poder Público em colocar todos os esforços possíveis para adaptar as cidades às mudanças climáticas e seus efeitos extremos, cada vez mais frequentes”, afirma Simone Nascimento, codeputada da Bancada Feminista do PSol.

Indenizar às famílias

Na estreia, também será apresentado o projeto de lei (PL) que prevê a concessão de indenização e pensão especial para familiares de pessoas que perderam a vida devido a eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos.

De acordo com a Bancada Feminista, o PL visa garantir o valor de indenização de R$ 100 mil por cada vida perdida por causa de um evento climático.

A proposta pretende garantir amparo financeiro e dignidade às vítimas dessas tragédias, além de reforçar a responsabilidade do poder público na prevenção de desastres, afirmam as deputadas que compõem o mandato coletivo.

Quem era Rodolpho Tamanini Netto

Rodolpho era natural de São Paulo e iniciou sua carreira como artista plástico aos 19 anos. Ele era reconhecido no segmento da arte popular, e tinha um olhar sensível sobre o que considerava os ícones culturais e naturais da cidade.

Em 2008, o Rodolpho pintou um quadro sobre enchentes (veja abaixo). A obra foi compartilhada com o Metrópoles pela Galeria Jacques Ardies, que divulgava o trabalho do artista.

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"Vila Madalena"

Morte de artista plástico

O corpo de Rodolpho foi encontrado dentro de uma casa na Rua Belmiro Braga, próxima ao Beco do Batman, em Pinheiros.
O local ficou alagado durante a tempestade que tomou conta da capital paulista naquela tarde de sexta-feira.
O alagamento na Belmiro Fraga foi uma espécie de continuação da corredeira surgida no Beco do Batman.
A água da chuva se transformou em um verdadeiro rio, arrastando carros e provocando destruição em série na parte mais baixa do bairro.
Não por acaso, a região mais atingida é cortada por aquilo que, no passado, foi o Córrego Verde, um braço de água que atravessa a Vila Madalena e segue até o Rio Pinheiros.
Naquela sexta, em um intervalo de três horas, choveu quase metade do previsto para todo o mês de janeiro. Dos 257,3 milímetros de chuva esperados para o mês, 125 mm (48,5%) foram registrados.
Segundo os bombeiros, foram 126 chamados de árvores caídas, 219 referentes a enchentes, inundações e alagamentos, outros 14 chamados sobre desmoronamentos, desabamentos e soterramentos.
O dia seguinte à tempestade histórica que atingiu São Paulo, com mais de 125 mm de chuva, se caracterizou pelos esforços de moradores e comerciantes para colocar as coisas no lugar.
Havia carros atravessados sobre muros e portões, lama e toda sorte de móveis e estofados jogados na rua, imprestáveis.