HÁ VINTE ANOS – Lula recebe Temer à caça de votos para se reeleger

O deputado Michel Temer, presidente do PMDB, considerou positiva a conversa que teve há pouco com Lula e com o ministro José Dirceu no Palácio do Planalto. Ontem, ele telefonou para os governadores do PMDB dizendo que fora chamado para conversa. Hoje, telefonou para prestar contas da conversa.

Lula e o ministro foram muito elegantes, segundo o relato de Temer. Não tocaram em reforma ministerial. Limitaram-se a renovar o convite para que o PMDB e o PT estejam juntos nas eleições do próximo ano.

Política se faz com palavras e gestos. Ao se reunir com Temer, Lula e José Dirceu quiserem desobstruir um canal que havia sido fechado desde que a convenção do PMDB, no final do ano passado decidiu pelo afastamento do partido do governo.

A coalização que Lula tenta montar para enfrentar menos dificuldades no Congresso serve ao seu objetivo imediato, mas serve também para indicar que em 2006 o PT pretende disputar as eleições com mais parceiros ao seu lado.

Uma eventual reeleição de Lula seria mais debitada na conta de possíveis aliados do que na conta do PT. Um segundo mandato será menos petista do que está sendo o atual.

Mas Lula também está careca de saber que seu maior eleitor daqui a dois anos não será o governo de coalizão ora em esboço. Será a situação em que se encontra o país – e ele, Lula, por tabela.

Se as chances de reeleição forem altas, a maioria dos partidos o apoiará – até mesmo o PMDB que por enquanto está inclinado a concorrer à presidência da República com candidato próprio.

Se as chances de reeleição forem modestas, os partidos se dividirão entre Lula e quem possa derrotá-lo. Se Lula estiver mal, os partidos correrão para o lado do aspirante a candidato da oposição que apareça bem nas pesquisas eleitorais.

É assim. Será assim. Sempre foi assim. Daí porque Lula não deveria estar tão preocupado agora em montar unicamente um governo de coalização. Deveria estar mais preocupado em agregar eficiência ao seu governo.

(Publicado aqui em 25 de março de 2005)