Futuro telescópio pode mudar o rumo da busca por vida fora da Terra

O futuro observatório Extremely Large Telescope (ELT) poderá detectar sinais de vida no sistema estelar Proxima Centauri b em no mínimo 10 horas — contanto que exista alguma forma de vida por lá, claro. É o que sugerem novos modelos, que trouxeram resultados animadores sobre o ritmo em que o telescópio gigante pode tentar investigar a resposta de uma das maiores perguntas da ciência. 

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Considerado o maior e mais avançado telescópio gigante em desenvolvimento, o ELT está em construção desde 2017 e pode iniciar suas observações em 2029. Um dos seus principais objetivos científicos é a busca por bioassinaturas (compostos químicos que podem indicar a presença de vida) em exoplanetas, os mundos que orbitam outras estrelas.

Parte da estrutura do ELT em desenvolvimento (Reprodução/ESO)

Com seu espelho de 39 metros de diâmetro, o ELT vai conseguir observar 37 vezes mais luz que o James Webb, o maior e mais poderoso telescópio já enviado ao espaço. Penando nisso, Dr Miles Currie e Victoria Meadows, da Universidade de Washington, tentaram investigar como o ELT deve se sair na observação de mundos a até 16 anos-luz da Terra.


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Eles consideraram que o mais difícil na tarefa vai ser o telescópio estudar planetas que não estão em trânsito, ou seja, que não ficam entre nós e suas estrelas; quando isso ocorre, a luz da estrela atravessa a atmosfera do mundo e é bloqueada pelas moléculas ali, criando uma espécie de impressão digital dos compostos presentes. 

Sem o trânsito, os telescópios precisam observar a luz refletida pelos planetas, que precisa ser diferenciada daquela vinda da estrela. Mesmo assim, a dupla suspeita que levaria pelo menos 10 horas de observações para o pesquisadores diferenciarem a proporção entre oxigênio e metano, ou dióxido de carbono e metano na atmosfera de Proxima Centauri b, caso exista. 

O oxigênio é altamente sensível a reações e não passa muito tempo na atmosfera, principalmente se houver muito metano ali, caso não haja nenhum mecanismo fornecendo mais moléculas. Tal mecanismo poderia incluir desde formas de vida capazes de realizar fotossíntese até a evaporação lenta e gradual de oceanos. 

Vale lembrar que isso não significa que as primeiras noites de observação vão confirmar se realmente existe alguma forma de vida fora da Terra. O estudo da atmosfera dos planetas é apenas um dos objetivos do novo telescópio, e além disso, é comum que os cientistas dediquem horas de observação e acabem com dados diferentes do esperado. 

Mesmo assim, o esforço vale a pena. Os dados podem revelar se Proxima Centauri b é realmente um mundo rochoso, já que pode ser também um exoplaneta do grupo dos subnetunos. Se confirmar as características, o telescópio vai ajudar os cientistas a entenderem melhor os mundos que existem pelo espaço em questão de horas.

O artigo que descreve os resultados foi publicado no repositório arXiv e foi enviado à revista Planetary Science Journal.

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