Onda do emagrecimento: especialista alerta sobre os riscos do Ozempic manipulado

A busca por métodos rápidos para emagrecer tem levado muitas pessoas a recorrerem a medicamentos como o Ozempic, originalmente indicado para o tratamento do diabetes tipo 2. No entanto, a crescente popularidade do fármaco devido aos seus efeitos na redução de peso tem gerado um aumento na oferta de versões manipuladas, o que preocupa profissionais da saúde devido aos riscos associados a essa prática.

O Ozempic contém como princípio ativo a semaglutida, uma substância que atua de maneira ampla no organismo. Ela estimula a produção de insulina e reduz a secreção de glucagon, auxiliando no controle glicêmico de pacientes diabéticos. “A semaglutida também retarda o esvaziamento gástrico e reduz o apetite, contribuindo para a perda de peso. Essa combinação de efeitos tem levado muitas pessoas a usá-lo para fins estéticos, muitas vezes sem recomendação médica”, explica Ingrid Borges Siqueira, farmacêutica e professora da Universidade Tiradentes (Unit).

O aumento da demanda pelo medicamento com foco no emagrecimento tem impulsionado a produção e comercialização de versões manipuladas do Ozempic. No entanto, Ingrid alerta para os perigos dessa prática. “A semaglutida é um peptídeo sintético complexo, cuja formulação exige tecnologia avançada (Biotecnologia) para assegurar segurança e eficácia”, destaca. Embora as farmácias de manipulação sigam normas rígidas, como a Resolução 67/2007 sobre Boas Práticas na manipulação de medicamentos, elas não dispõem da mesma infraestrutura da indústria farmacêutica para a produção de substâncias como a semaglutida.

Riscos do uso da versão manipulada

A falta de comprovação de segurança e eficácia das versões manipuladas é um ponto crítico. O Conselho Federal de Farmácia reforça que o consumo de medicamentos sem registro pode representar sérias ameaças à saúde. Ingrid explica que, mesmo na versão original, o uso inadequado do Ozempic pode causar efeitos colaterais comuns, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dores abdominais. “Em casos mais severos, o uso indevido pode resultar em pancreatite, hipoglicemia e complicações gastrointestinais graves”, alerta a especialista.

Diante desse cenário, a recomendação dos profissionais de saúde é evitar totalmente o uso da versão manipulada do Ozempic. “No momento, a orientação é não utilizar a versão manipulada, pois não há evidências que garantam sua segurança e eficácia”, enfatiza Ingrid Siqueira. Ela ressalta que o medicamento deve ser administrado apenas sob prescrição médica, com produtos devidamente regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para quem busca opções medicamentosas para emagrecer, a orientação é clara: “Os pacientes devem sempre contar com a supervisão de um médico e um farmacêutico, evitando automedicação ou o uso de versões manipuladas sem garantia de qualidade”, aconselha Ingrid. Além disso, a professora reforça a importância de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, para alcançar resultados sustentáveis na perda de peso.

O papel do farmacêutico é essencial nesse contexto, conforme explica Ingrid Siqueira. “Esse profissional tem a responsabilidade de orientar sobre o uso correto do medicamento, esclarecer possíveis efeitos adversos e alertar sobre os riscos do uso inadequado. Além disso, ele pode auxiliar na adesão ao tratamento e na educação do paciente para escolhas mais seguras no processo de emagrecimento”, orienta. Dessa forma, a busca por informações confiáveis e o acompanhamento de especialistas são fundamentais para garantir segurança e eficácia no tratamento da obesidade.

Fonte: Asscom Unit

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