ESA desativa o telescópio Gaia, que criou o maior mapa da Via Láctea

A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou nesta quinta (27) a desativação do seu telescópio Gaia. O observatório passou mais de uma década coletando dados sobre a Via Láctea, nossa galáxia, e revelou vários dos seus segredos aos cientistas. 

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O telescópio Gaia excedeu sua vida útil em cinco anos. Os cientistas notaram que suas reservas de combustível estavam chegando ao fim, e começaram a estudar formas de encerrar as atividades da espaçonave de forma sustentável e responsável.

Representação da Via Láctea com bases nos dados da Gaia (ESA/Gaia/DPAC, Stefan Payne-Wardenaar

Eles queriam encontrar uma forma de evitar que o Gaia voltasse para o Ponto de Lagrange 2, uma região de estabilidade gravitacional no sistema Sol-Terra para minimizar qualquer possível interferência com missões por lá. “Desativar uma espaçonave no fim da sua missão soa como um trabalho simples o suficiente, mas ela realmente não queria ser desligada”, recordou Tiago Nogueira, operador da Gaia. 


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É que o telescópio foi projetado para resistir a tempestades de radiação, impactos de micrometeoritos e outros eventos. Para isso, tinha vários sistemas redundantes que garantiam que iria sempre se reiniciar e retomar o funcionamento mesmo no caso destas ocorrências. 

No fim, os cientistas conseguiram levar a espaçonave para longe do Ponto de Lagrange 2 e a posicionaram em uma órbita de “aposentadoria” ao redor do Sol. Desta forma, eles minimizaram as chances de qualquer aproximação a menos de 10 milhões de quilômetros da Terra no próximo século. 

Legado da missão Gaia 

Lançado em 2013, o telescópio espacial Gaia causou uma verdadeira transformação na forma como entendemos o universo. Durante suas operações, a Gaia mapeou com precisão as posições, distâncias, movimentos e características de quase dois bilhões de estrelas e outros objetos celestes.  

 

O resultado disso é simplesmente o maior e mais preciso mapa multidimensional já feito da Via Láctea, que revela sua estrutura e evolução em detalhes sem precedentes. A missão revelou também evidências de fusões entre galáxias, revelou novos aglomerados estelares, exoplanetas e buracos negros, mapeou quasares e até criou a melhor visualização de como um observador externo veria nossa galáxia. 

“As extensas publicações de dados do Gaia são um tesouro único para a pesquisa astrofísica e influenciam quase todas as disciplinas da astronomia”, concluiu Johannes Sahlmann, o cientista do Projeto Gaia.

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