Dólar sobe e Bolsa cai. Mercado azeda com dados sobre inflação nos EUA

Os mercados de câmbio e ações azedaram nesta sexta-feira (28/3). O dólar subiu 0,13%, cotado a R$ 5,75. Ao longo do pregão, ele chegou a R$ 5,78. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), caiu. Ele caiu 0,94%, aos 131.902 pontos.

Ambos os movimentos, disseram analistas, foram impulsionados pela divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o PCE é um dos principais indicadores do comportamento da inflação.

E ela acelerou em fevereiro 0,4%, na comparação com janeiro. A projeção média de economistas consultados pela Reuters era de uma alta mensal de 0,3%. O núcleo do PCE, do qual são excluídos os preços mais voláteis, também avançou, registrando alta de 2,6% na base anual.

A resiliência da inflação mostra que a economia dos EUA segue aquecida. Na prática, isso quer dizer que o Fed não deve baixar tão cedo os juros americanos, mantidos na semana passada no intervalo de 4,25% e 4,50%.

Tarifas

Essas informações, somadas à incerteza das tarifas sobre produtos importados, impostas pelo presidente Donald Trump, cuja cobrança deve começar na próxima semana, provocaram o que os analistas chamam de sentimento de aversão ao risco. Ou seja, os investidores procuram ativos mais seguros, como o dólar, em detrimento de ações.

“O que mais chama a atenção é que a resistência na dinâmica inflacionária nos EUA ocorre mesmo antes de qualquer impacto potencial das tarifas sobre importação”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da fintech Nomad. “A economia americana continua mostrando resiliência. Até quando é a pergunta que todos gostariam de responder no momento.”

Exterior

Os índices da Bolsa de Nova York, nesse cenário, sentiram o baque e recuaram em bloco. Por volta das 15 horas, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq registravam baixa. Elas eram, respectivamente, de 1,78%, 2,02% e 2,65%.

As Bolsas na Europa apresentaram um quadro similar de aversão a risco, agravado pela iminência das tarifas de Trump sobre o setor automobilístico – algo que deve ter profundo impacto sobre as empresas do setor que operam na zona do euro. O índice Stoxx 600 caiu 0,79%, o FTSE 100, de Londres, perdeu 0,08%, e o DAX, de Frankfurt, cedeu 0,96%.

Cenário interno

“No Brasil, o mercado reagiu com cautela a um dado do Caged forte, indicando aquecimento do mercado de trabalho, o que pode dificultar um alívio nos juros no curto prazo”, diz Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital. “A taxa de desemprego, divulgada pelo IBGE em 6,8%, reforça esse cenário de atividade aquecida, pressionando ainda mais a curva de juros futuros e fortalecendo o dólar frente ao real.”

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