Estátuas gregas e romanas antigas eram perfumadas

As estátuas da Roma e Grécia antigas não eram feitas para agradar apenas aos olhos, mas sim a todos os sentidos. Em um estudo publicado na revista científica Oxford Journal of Archaeology, a pesquisadora Cecile Brøns, do museu dinamarquês Gliptoteca Ny Carlsberg, buscou documentos antigos descrevendo a prática de perfumar estátuas.

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Os achados demonstraram que a atividade era mais comum do que se pensava: o estadista romano Cícero, por exemplo, relatou que os habitantes da cidade de Segesta, na Sicília, ungiam uma estátua da deusa da caça Ártemis com “unguentos preciosos”, bem como “olíbano e perfumes ardentes”.

Perfumaria no mundo antigo

Não era só no Império Romano que se perfumavam as estátuas. O poeta grego Calímaco também descreveu a prática, se referindo à escultura da rainha egípcia Berenice II como “encharcada de perfume”. Inscrições em diversos templos antigos em Delos, na Grécia, descrevem o uso de um perfume específico: Myron rhodion, uma fragrância feita de rosas.


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Além de perfumadas, as estátuas antigas eram bastante coloridas: na imagem, comparação entre a original deteriorada, à direta, e uma réplica moderna com as cores originais, à esquerda (Imagem: Matthias Kabel/CC-BY-3.0)
Além de perfumadas, as estátuas antigas eram bastante coloridas: na imagem, comparação entre a original deteriorada, à direta, e uma réplica moderna com as cores originais, à esquerda (Imagem: Matthias Kabel/CC-BY-3.0)

Plínio, o Velho, e Vitrúvio, ambos romanos, também escreveram sobre o assunto. Com base nos textos estudados, Brøns identificou dois métodos diferentes de aplicação. O primeiro, chamado ganosis, era feito com a mistura de ceras e óleos fragrantes para perfumar as esculturas, usando ingredientes como cera de abelha e óleo de oliva.

O segundo método, kosmesis, usava óleos protetivos. No Hino Homérico a Afrodite, a atividade é descrita no santuário dessa deusa na ilha de Pafos. Brøns afirma que tais relatos estavam longe de serem metafóricos, mas descreviam rituais muito reais de homenagem a divindades esculpidas.

Vale lembrar que, além dos cheiros, as estátuas greco-romanas também eram adornadas com pinturas coloridas e comumente cobertas por joias, tecidos e grinaldas, independentemente do material de que eram feitas.

A autora comenta que as esculturas eram avaliadas pelo seu grau de mimesis, “imitação da vida”: isso não significa que os artistas buscavam realismo ou naturalismo, mas sim uma expressão da vida divina em seu potencial maior. O uso de perfumes, então, era feito para ajudar o observador a imaginar como seriam os cheiros da divindade representada se ela estivesse à sua frente, viva.

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