Surto de superfungo atinge 15 pacientes de hospital público em SP

São Paulo — O Hospital do Servidor Público Estadual, localizado na zona sul de São Paulo, enfrenta um surto do “superfungo” Candida auris, tendo registrado 14 casos de indivíduos colonizados — quando o paciente tem o fungo mas não foi infectado — e um caso de infecção desde o início de janeiro deste ano.

O paciente de 73 anos infectado pelo superfungo morreu, mas o hospital afirmou que o óbito foi causado por complicações cirúrgicas e não em razão da infecção do fungo.

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o hospital notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e “adotou todas as medidas de segurança e controle”, como a manutenção de pacientes em quartos individuais, higienização intensificada e treinamentos para as equipes. “De acordo com o preconizado pelos órgãos de vigilância, a unidade segue realizando coletas mensais por seis meses para análise do cenário”, diz a nota.

Durante as coletas diárias, notificadas para as autoridades sanitárias, foi identificado a presença do microrganismo em outros 14 pacientes, mas nenhum evoluiu para a infecção durante a internação e tratamento dos pacientes.

De acordo com o infectologista Diego Rodrigues Falci, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), as candidíases invasivas são doenças comuns em pacientes hospitalizados e a transmissão da doença é pelo contato direto com o fungo — que sobrevive em superfícies inanimadas, como roupa de cama, corrimão, móveis das unidades hospitalares, equipamentos médicos etc.

“[Infectados e colonizados] são pessoas que estão usando antibióticos, que fizeram quimioterapia, transplante e pessoas gravemente doentes em unidades de terapia intensiva porque, evidentemente, esses outros fatores enfraquecem o sistema imunológico ou deixam essa pessoa mais suscetível a esse tipo de infecção”, disse o infectologista ao Metrópoles.

De acordo com o médico, o Candida auris é considerado grave, pois pode causar candidemia, uma infecção da corrente sanguínea que pode levar ao óbito. Diego Falci ainda explica que os sintomas incluem febre, mal-estar e piora nos exames laboratoriais.

O tratamento é feito com antifúngicos, porém o fungo representa um desafio para a saúde pública, pois pode ser resistente às medicações mais convencionais. Em alguns casos, é necessário o uso de antifúngicos alternativos para combater a infecção, incluindo a candidemia.

O Hospital do Servidor Público Estadual informou que se reúne com a Anvisa semanalmente para relatar as ações e os resultados das coletas, reforçando as normas de controle de infecção em todo o hospital. “O HSPE continua aprimorando o trabalho no atendimento humanizado e está reforçando todas as barreiras para garantir a segurança dos pacientes.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.