Criança autista é agredida por pai de colega em festa, diz família

São Paulo — A mãe de um menino autista de quatro anos afirma que seu filho foi agredido pelo pai de outra criança durante uma festa infantil no Jabaquara, zona sul de São Paulo, neste sábado (29/3).

O evento tinha sido organizado por pais de alunos de uma escola para celebrar a Páscoa, e aconteceu no salão de festas de um condomínio residencial.

A mãe da vítima, Ana Borges, de 46 anos, conta que estava se despedindo de outros convidados quando ouviu o choro de uma criança e pediu que o marido, Luciano Toledo, fosse conferir o que tinha acontecido.

“Quando ele chegou lá tinha uma menina chorando e o pai dela deu um empurrão no peito do Bernardo [filho do casal]. O peito ficou com a marca dos dedos dele”.

À polícia, Luciano contou que o filho só não caiu com a força do empurrão porque ele conseguiu segurá-lo a tempo.

Segundo a família, o suposto agressor teria afirmado, com palavrões, que não se importava com o fato do menino ser autista, que a criança era “louca”, e que bateu nele porque Bernardo tinha batido em sua filha. Os dois pais discutiram e precisaram ser afastados pelos outros convidados da festa.

O suposto agressor foi identificado como Natanael Fernando. O Metrópoles tentou contato com ele e sua esposa desde esta segunda-feira (1/4), mas não foi respondido até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Para Ana, a atitude do pai da criança foi discriminatória. A família registrou boletim de ocorrência do caso no 35º Distrito Policial do Jabaquara. Emocionada, a mãe disse que achou importante denunciar o caso para que situações como esta não voltem a se repetir.

“É inadmissível que uma pessoa dessas agrida uma criança que não sabe se defender, não sabe nem falar. Se fosse a filha dele que tivesse dado um tapa no meu filho, eu teria só tirado de perto e ponto”.

Segundo ela, Bernardo, que tem autismo com grau de suporte alto (nível 3), tem ficado agitado desde sábado. “Ele está nervoso. Hoje não quis ir para a escola e ele adora ir”.

Ana lamentou que o evento tenha terminado daquela forma. “Eu achei que ele estava num ambiente seguro. Fico me sentindo culpada”.

“Nós, como pais autistas, já somos muito excluídos da sociedade. […] Quando a gente se sente incluído em um evento, passar por uma situação dessas é inadmissível”.

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