
O governador Fábio Mitidieri merece, sim, um elogio justo: está se virando nos trinta (e nos bastidores) para aglutinar o maior número possível de lideranças políticas em torno de sua reeleição. É pragmático, é estratégico, é audacioso — e convenhamos, precisa ser. Reunir André Moura, Alessandro Vieira, Edvaldo Nogueira, Belivaldo Chagas, Márcio Macedo, Jeferson Andrade, Fábio Reis, e ainda acenar pra direita, esquerda, centrão e quem mais pintar no jogo… é o verdadeiro miti-multi-tarefa.
O problema? É que nesse esforço para agradar todo mundo, Fábio pode acabar agradando todo mundo… menos o eleitor. Porque o jogo de equilibrar palanques paralelos, acalmar egos inflamados e tentar evitar que os aliados se engulam publicamente tá parecendo um reality show político: tem abraço na foto, farpa no bastidor e sorriso mais ensaiado que campanha de vereador em cidade pequena.
Fábio acerta quando entrega obras, melhora sua imagem e coloca comunicação e resultados para funcionar — e isso precisa ser dito. Mas quando começa a servir cafezinho pro desafeto de hoje virar aliado de amanhã, o risco de virar refém da própria colcha de retalhos aumenta. E muito.
Enquanto isso, Valmir de Francisquinho, mesmo fora do jogo oficial, segue sendo a sombra mais incômoda do Palácio dos Despachos. Em 2022, impugnado e tudo, teve quase meio milhão de votos. Foi o campeão da urna sem estar na urna, o que já diz bastante sobre o apelo popular e a fidelidade do seu eleitorado.
Valmir não grita, mas assusta. Não aparece, mas é lembrado. Não briga em público, mas todos, inclusive os que falam mal dele em off, fazem questão de elogiá-lo nas rodas certas. Enquanto Fábio precisa reunir dez para montar um exército, Valmir anda só, mas arrasta multidão.
E aqui mora a ironia: enquanto Fábio tenta agradar a todos, todos — inclusive seus próprios aliados — querem agradar Valmir. Uns por medo, outros por respeito, e muitos por puro cálculo eleitoral. Afinal, quem já teve 457 mil votos impugnado não é adversário: é entidade.
André Moura, por exemplo, voltou a se alinhar a Fábio com juras de fidelidade política. Mas não economiza ataques ao senador Alessandro Vieira e a Edvaldo Nogueira — dois que também querem o colo do governador. Resultado? Um palanque cheio de gente que quer subir, mas não se suporta nem no mesmo camarim.
Fábio tenta acalmar os ânimos com articulações, acenos e promessas. Mas convenhamos: se continuar nessa toada, vai precisar de mais que um vice — vai precisar de um milagre político pra fazer tanta gente caber na mesma fotografia de campanha.
E no fim das contas, o que vale é o seguinte: se a disputa fosse hoje, Valmir ainda seria o nome mais temido. Mesmo que com um pé fora do jogo jurídico, tem um corpo inteiro dentro da cabeça dos adversários. E se reverter a inelegibilidade, vai ser preciso mais que discurso redondo e selfie de mutirão pra segurar o tranco.
Fábio acerta quando governa. Mas se quiser seguir governando depois de 2026, vai ter que escolher se quer ser maestro ou equilibrista. Porque em política, tentar agradar a todos é o caminho mais rápido pra não agradar ninguém.
E Valmir… Valmir só observa, enquanto o jogo se embaralha e os adversários tentam, cada um à sua maneira, não dormir com ele nos pesadelos.
Cão Late, Gato Mia, Parlamentar Promete – Na Assembleia Legislativa, a deputada Kitty Lima e o vereador Bicinho reuniram-se para discutir duas causas nobres: a defesa animal e a agricultura familiar. Traduzindo: um encontro entre o “miado legislativo” e o “latido municipal” pra tentar salvar bicho e roça em Sergipe. Prometeram políticas, projetos e um mundo melhor para pets e produtores – o que, convenhamos, é sempre mais fácil de prometer do que cumprir. Entre um café e um plano mirabolante, os dois selaram parceria: ela mia por leis, ele late por ações, e juntos esperam fazer um barulho maior que campanha de adoção com youtuber famoso.
Transporte Coletivo ou Transporte Coitado? – O deputado Paulo Junior subiu à tribuna pra avisar que o transporte público de Aracaju tá indo ladeira abaixo – ou melhor, tá descendo sem freio e sem motorista. A empresa Progresso abandonou o barco e deixou pra trás uma galera com salário atrasado, esperança vencida e vale-transporte no negativo. O parlamentar fez um apelo dramático à prefeita e ao Consórcio Metropolitano: “Pelo amor de Deus, arrumem emprego pra essa gente!”. E ainda alertou que solução improvisada é igual goteira em teto de palha: vai molhar de novo. Enquanto isso, os ônibus seguem firmes… firmes na quebra.
Lagarto em ebulição e Hilda pronta pro jogo – A política em Lagarto já ferve com os bastidores acelerados rumo a 2026. Enquanto nomes surgem de todos os lados, a ex-prefeita Hilda Ribeiro se destaca como o nome mais preparado da oposição. Com uma gestão elogiada e eficiente, ela aparece como o trunfo capaz de reorganizar o grupo e disputar com força uma vaga na Alese. Do outro lado, o prefeito Sérgio Reis já apoia a reeleição de Ibrain de Valmir, e deve lançar mais um nome da família, fortalecendo seu campo. Já o grupo de Áurea Ribeiro ainda decide se ela segue ou se Rafaela Ribeiro tenta nova chance — mas nos bastidores, a expectativa real é pelo nome de Hilda. Se entrar no jogo, Hilda entra com currículo, força política e a experiência de quem já levantou a cidade. E como o voto vem da confiança, poucos têm tanto crédito com o povo lagartense quanto ela.
Sergipe é Aqui – Porque no resto do tempo tá bem longe – O deputado Adailton Martins comemorou a chegada do programa “Sergipe é Aqui” a São Domingos. A caravana da cidadania vai levar CPF, RG e até mamografia sob rodas. Parece até campanha eleitoral, mas é governo mesmo – pelo menos até que se prove o contrário. A estrutura do evento é maior que muita festa junina do agreste, e o povo, claro, agradece. Afinal, pra muita gente, só dá pra tirar documento quando o governo resolve dar um rolê pelo interior.
Autismo não é doença, é descaso – No Dia Mundial do Autismo, o deputado Manuel Marcos resolveu dar aula: explicou que TEA não é doença, mas também não é prioridade por aqui. Enquanto São Paulo constrói centros de atendimento, Sergipe continua apostando que empatia é política pública. Marcos pediu ações, falou em inclusão e lembrou que autista não precisa de pena – precisa de política com orçamento e sem blá-blá-blá.
Ciranda Sergipe desembarca em Malhada dos Bois e Jeferson mostra que tá em todas – O programa Ciranda Sergipe chegou ao povoado Cruz da Donzela, em Malhada dos Bois, levando saúde, assistência e cidadania pra quem mais precisa. Mas quem realmente marcou presença foi o presidente da Alese, Jeferson Andrade, que vem se destacando por estar presente nas pautas mais importantes do estado — da inclusão ao social, do sertão à capital. Ao lado da esposa Jullyana Andrade, Jeferson mostrou que não é político de gabinete: vai pro campo, pega no batente e acompanha de perto. Em vez de só discurso bonito, entrega presença e articulação. Ciranda passa, mas o recado fica: onde tem povo, problema e política de verdade, Jeferson já chegou antes.
Mãe atípica é mãe leoa com protocolo na mão – A deputada Carminha Paiva usou o Dia Mundial do Autismo pra lembrar que sua luta não é de palco, é de casa. Mãe atípica, ela virou legisladora militante. Criou leis, projetos, câmeras em clínicas, datas comemorativas e até um “Gabinete em Ação” – que é tipo um mini SUS com coração de mãe. Carminha não quer aplauso, quer respeito, inclusão e tratamento que funcione até depois dos 18 anos. O autismo não tem prazo de validade – mas a paciência das famílias com o descaso, sim.
Corregedoria na pista: inspeção em Nossa Senhora da Glória – Enquanto uns fingem que a justiça funciona, a Corregedoria-Geral da Justiça foi conferir in loco se os fóruns do interior não viraram pousada de processos engavetados. O corregedor Edivaldo dos Santos e seus colegas desembarcaram em Nossa Senhora da Glória com lupa e meta do CNJ em mãos. Avaliaram produtividade, metas e até o humor dos juízes. Pelo menos nessa inspeção, o Judiciário saiu da cadeira giratória e botou o pé na estrada.
MP de Sergipe faz webinário pra evitar que a justiça vire novela mexicana – Com um título que mais parece sigla de remédio, o MPSE anunciou o webinário “ANPP e ANPC” – sobre justiça negocial. Ou seja, formas de resolver pepino sem ir pra julgamento. O evento é só pra insiders: membros, servidores e estagiários. O professor é o Vladimir Aras, um tipo de guru do direito negocial. Resumo da ópera: se você tá achando que vai ganhar um embate judicial, é melhor negociar logo. Porque esperar sentença no Brasil é igual esperar ônibus do sistema Progresso: não vem.
MPF abre vaga pra estágio e convênio e pra papelada também – O MPF de Sergipe quer firmar convênio com universidades, mas exige um combo documental de respeito: contrato social, CNPJ, RG do reitor e talvez até uma declaração de sangue tipo O negativo. Tudo isso até o dia 16 de abril, senão nada feito. A burocracia é tanta que o aluno vai aprender mais preenchendo formulário do que estagiando. Viva a experiência prática!
Assédio moral entra na roda (de conversa) da Justiça Federal – Na JFSE, rolou um encontro sobre assédio moral no trabalho. Teve juiz, procuradora, acadêmico e até servidor desabafando. A ideia foi: “Vamos falar do elefante na sala antes que ele sente na gente.” Organizado pela Comissão de Prevenção ao Assédio, o evento buscou trocar experiências e sugerir saídas. Assédio moral, afinal, não é só grito – às vezes é silêncio, desprezo e pressão disfarçada de meta.
Ensaiou o pulo, mas o tapete vermelho tá dentro do cercado – O pastor Heleno Silva anda dizendo por aí que tá com um pé fora do Republicanos. Reclama da falta de espaço, do pouco prestígio e já faz cara de quem vai arrumar as malas rumo a um novo partido — daqueles que prometem o céu, mas entregam uma salinha sem ar-condicionado e sem verba de gabinete. Em 2022, Heleno bateu na porta da Câmara Federal com 28.173 votos, mas quem entrou mesmo foi Gustinho Ribeiro, com quase o triplo disso. Desde então, o pastor tem rodado o sertão feito vendedor de esperança, dizendo que agora vai. Vai onde, exatamente, ninguém sabe. Nem ele. O detalhe é que, por trás do discurso de insatisfação, tem um laço mais firme do que aliança de casamento evangélico: a amizade com Marcos Pereira, o manda-chuva nacional do partido. E em política, quando o líder é amigo, o mimo vem de fábrica — com cargo, agenda cheia e aquele cafezinho com legenda. Ou seja: sair, ele até ameaça. Mas não vai. Vai no máximo até o portão, faz cara de abandonado, e volta pro sofá da sala com os mesmos privilégios de sempre. É o famoso “me segura senão eu fico”. Cena típica de quem já sabe: fora do Republicanos, o deserto é seco e sem tapete vermelho.
Prefeita figurante? Elber Batalha diz que quem manda em Aracaju é Edvan, e Emília só assina – O vereador Elber Batalha (PSB) não economizou nas críticas e foi direto ao ponto: para ele, quem de fato manda na Prefeitura de Aracaju não é a prefeita Emília Corrêa (PL), mas sim o presidente estadual do PL, Edvan Amorim. Segundo Elber, Emília virou uma espécie de figurante de luxo na própria gestão, enquanto Edvan toca a banda nos bastidores. Em entrevista a um podcast, o líder da oposição usou o caso das supostas irregularidades no processo do lixo como exemplo. Ele afirmou que Emília tem pouco controle sobre a administração e que o atropelo no processo mostra “outros interesses em jogo”. E arrematou: “Ela pode até ter sido eleita prefeita, mas quem governa é Edvan.” De acordo com Elber, Edvan indicou os titulares de pastas estratégicas como Educação, Fazenda, Procuradoria-Geral, além da presidência da EMURB e EMSURB. Isso daria ao grupo do PL o controle de 70% a 80% do orçamento da capital. Para ele, o comando está centralizado, e Emília só assina o que vem pronto. A crítica, claro, tem o objetivo de desconstruir a imagem de independência da prefeita e enfraquecer sua liderança, especialmente de olho nas movimentações para 2026. E com a oposição afiada como está, Emília terá que mostrar que não é só a dona do cargo, mas também das decisões.
Alessandro, a orelha em pé e a vaga encurtando – O senador Alessandro Vieira segue como aliado fiel de Fábio Mitidieri, mesmo tendo que engolir seco os movimentos cada vez mais carinhosos do governador com figuras que ele mal suporta — leia-se André Moura, Rogério Carvalho e Mário Macedo. No último fim de semana, enquanto Fábio distribuía abraços, elogios e juras políticas como quem distribui santinho em feira, Alessandro só faltou pedir um dramim pra segurar o enjoo. Disse com todas as letras que não tem e nem quer ter relação política com André Moura, e que continua apoiando Fábio pra reeleição. Apoia, mas com aquele olhar de quem tá desconfiado que vai acabar sobrando o pior pedaço do bolo. E do jeito que o jogo tá se arrumando, com palanques cada vez mais apertados e alianças se formando em clima de “quem beijou, beijou”, o destino de Alessandro pode ser mesmo uma vaguinha pra disputar a Câmara Federal em 2026 — aquela velha saída elegante que parece promoção, mas no fundo é rebaixamento com tapinha nas costas. Resumindo: Alessandro segue no bloco, mas tá cada vez mais longe do palco e mais perto da porta.
CPI das Multas: Edvaldo na linha de tiro e os aliados no camarote com pipoca – A tão falada CPI das Multas foi finalmente protocolada pelo vereador Isac Silveira, mirando o ex-prefeito Edvaldo Nogueira. O alvo: os R$ 135 milhões arrecadados com multas de trânsito durante seus oito anos de gestão. A ideia é investigar pra onde foi esse dinheiro e, se encontrar algo suspeito, acionar o Ministério Público. Edvaldo, vale lembrar, foi um excelente administrador. Tocou obras, melhorou serviços e deixou marcas positivas na cidade. Mas, como em toda gestão longa, acumulou aliados, desafetos e algumas interrogações no caminho. E agora, mesmo com um legado consistente, entra no centro do furacão político. Nos bastidores, o clima é de cada um por si. Aliados estão silenciosos, e tem muita gente torcendo pela CPI de camarote, só esperando o circo pegar fogo. Já o PT observa de longe, dividido entre defender o ex-prefeito ou deixá-lo tropeçar sozinho. Mais do que fiscalização, a CPI é vista como uma jogada política para enfraquecer Edvaldo antes de 2026. E se der certo, muita gente sai ganhando — menos ele, claro.
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