Em meio ao declínio da natalidade no Brasil, um movimento cristão tem ganhado fôlego entre casais que optam por não utilizar métodos contraceptivos, acreditando que os filhos devem ser recebidos como uma bênção divina. De acordo com uma reportagem da BBC Brasil, essa escolha tem se expandido entre grupos conservadores, sobretudo dentro da Igreja Católica, e se associa a valores políticos alinhados à direita.
Os adeptos desse estilo de vida seguem o princípio da providência divina, sustentando que “primeiro Deus manda os filhos, depois as condições de criá-los”. A visão é baseada na interpretação bíblica de que a fertilidade é uma dádiva e deve ser acolhida sem restrições artificiais.
O movimento tem impulsionado um mercado específico, com a crescente oferta de serviços de ginecologistas, doulas e planejamento familiar “lícito”, termo utilizado pelos fiéis para métodos aceitos pela religião. Paralelamente, influenciadores cristãos compartilham suas rotinas nas redes sociais, promovendo a valorização da maternidade e do papel tradicional da mulher.
Um dos principais expoentes dessa tendência é o ator Juliano Cazarré, que se converteu ao catolicismo após interpretar Jesus na Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, em 2019. Pai de seis filhos, ele declara: “A gente está aberto a que a vida possa acontecer. Como eu sempre falo: ‘a vida quer viver’.” Suas publicações sobre a família reúnem milhões de seguidores.
O historiador Víctor Gama, especialista em conservadorismo e direita no catolicismo brasileiro, observa que o conceito de “abertura à vida” tem sido adotado por diferentes correntes dentro da Igreja Católica, fortalecendo um padrão de comportamento que vai na contramão de uma tendência global de queda na taxa de natalidade.
Fonte: Conexão Política