Após dias marcados por forte turbulência e pânico nos mercados, o dólar operava em queda nesta terça-feira (8/4), com os investidores ainda repercutindo os desdobramentos da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos contra a China e grande parte do mundo.
O que aconteceu
- Às 9h03, a moeda norte-americana recuava 0,65% e era negociada a R$ 5,873.
- Na véspera, o dólar teve alta de 1,29%, cotado a R$ 5,91.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 3,59% frente ao real em abril. No acumulado do ano, as perdas são de 4,35%.
Escalada da guerra comercial
Os investidores seguem acompanhando a escalada da guerra comercial, principalmente entre EUA e China, as duas maiores potências econômicas do planeta.
Na última segunda-feira (7/4), as preocupações sobre uma guerra comercial global subiram de patamar após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter ameaçado impor tarifas adicionais de 50% sobre produtos importados da China, em resposta à taxação reataliatória de 34% anunciada pelos chineses.
Nesta terça, o governo chinês afirmou que lutará “até o fim” e tomará todas as medidas necessárias em resposta ao “tarifaço” norte-americano.
Na semana passada, Trump anunciou uma taxa de 34% contra produtos chineses. O país asiático foi um dos principais alvos da nova rodada de tarifas comerciais impostas pelos EUA.
A nova taxa se somará a uma tarifa já aplicada de 20% especificamente a produtos chineses. Ou seja, no total, os produtos chineses serão tarifados em 54%.
Aposta nas negociações
Apesar da preocupação generalizada do mercado, a nova aposta dos investidores é a de que haverá canais de negociação abertos nos próximos dias entre o governo norte-americano e os países asiáticos.
Na véspera, em mensagem publicada em rede social, a Truth Social, Trump afirmou que o Japão está enviando uma “equipe de ponta para negociar” as tarifas impostas pelos EUA. “Países de todo o mundo estão conversando conosco. Parâmetros rigorosos, mas justos, estão sendo estabelecidos”, escreveu Trump.
Depois de dias de forte estresse nos mercados, a expectativa de analistas é a de que esta terça-feira possa indicar alguma recuperação dos principais índices.
Na Ásia, por exemplo, as principais bolsas de valores fecharam em alta, com destaque para o índice Nikkei, de Tóquio, que subiu mais de 6%.
Na véspera, a bolsa japonesa havia despencado quase 8%, seu pior resultado em 1 ano e meio. Durante a sessão, foi acionado o chamado “circuit breaker”, interrompendo os negócios.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmou que conversou com Trump, a quem teria dito que as políticas tarifárias são “extremamente decepcionantes”. Ishiba relatou que incentivou o norte-americano a repensar o “tarifaço”.
“Eu disse ao presidente que o Japão tem sido o maior investidor nos EUA por cinco anos consecutivos e que as políticas tarifárias podem prejudicar as capacidades de investimento de nossas empresas japonesas”, disse Ishiba a repórteres após o telefonema a Trump.
O premiê japonês também afirmou que concordava com Trump em continuar o “diálogo construtivo” sobre o assunto.