Os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais contabilizaram, no primeiro trimestre deste ano, a maior concentração de casos e mortes de dengue no Brasil. Conforme dados divulgados nesta terça-feira (8/4) pelo Ministério da Saúde, eles somaram juntos 73% dos casos e 86% das mortes.
Os números foram expostos durante anúncio feito pelo ministro Alexandre Padilha de intensificação das medidas de combate à dengue no país. A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) atuará em 80 cidades, espalhadas por sete estados, que registram hoje alta transmissão de dengue e números de casos em ascensão.
São Paulo, segundo o ministro, é o estado que mais preocupa. “Quase 70% dos casos de dengue no país hoje estão concentrados em São Paulo”, diz ele. Não à toa, das 80 cidades selecionadas pelo ministério, 55 são paulistas.
Padilha atribui o cenário a duas questões: uma delas são os registros crescentes do sorotipo 3 da dengue, responsável pela maioria dos casos em São Paulo e que não era notificado no Brasil havia 15 anos, ou seja, a população não estava imune a ele. A outra questão está relacionada ao contexto da troca de gestões, após as eleições municipais do ano passado:
“Todo ano, pela nossa experiência, de início de novos governos municipais, chama muito o alerta para casos de dengue. É possível que essa troca de gestões possa ter afetado a organização dos serviços e atuação da vigilância”, expõe o ministro.
80 cidades
As 80 cidades que receberão atenção especial do Ministério da Saúde foram selecionadas a partir de dois critérios: incidência de mais de 50 casos de dengue por 100 mil habitantes e população de mais de 80 mil habitantes, o que sugere um risco maior de sobrecarga do sistema de saúde local.
Juntos, os 80 municípios correspondem a um total de 68 milhões de pessoas. A lista detalhada será divulgada pelo ministério ainda nesta terça-feira. O que se sabe, até então, é que as cidades estão divididas conforme os seguintes estados:
- São Paulo: 55 cidades
- Paraná: 14 cidades
- Bahia: 3 cidades
- Pará: 3 cidades
- Bahia: 2 cidades
- Goiás: 2 cidades
- Rio Grande do Norte: 1 cidade
Minas Gerais, apesar de gerar preocupação ao lado de São Paulo e Paraná, não entrou na relação de locais selecionados, segundo Padilha, porque as cidades mineiras com alta incidência de dengue possuem menos de 80 mil habitantes.
A literatura de combate à doença, explica o ministro, indica a necessidade de maior atenção nos locais mais populosos, sob pena de comprometer o sistema de saúde local.
Implantação de centros de hidratação
Entre as medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde, está a instalação de até 150 centros de hidratação para atender pacientes e auxiliar a rede de saúde nessas 80 cidades. Cada centro desse, de acordo com Padilha, tem capacidade para até 100 leitos. O investimento será de até R$ 300 milhões.
Outra estratégia envolve a intensificação da vacinação contra a dengue. Entre os municípios selecionados, conforme o grau de incidência da dengue, 16 ainda não foram contemplados pela oferta de vacinas e serão inseridos no programa.
A ideia do Ministério da Saúde é fazer uma busca ativa de pessoas que ainda não se vacinaram ou daqueles que não retornaram para tomar a segunda dose. A ação prevê, ainda, o monitoramento dos estoques disponíveis nas cidades prioritárias e a garantia de reabastecimento.
A vacina contra a dengue disponível hoje, no Brasil, é a produzida pela Takeda, aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos nas unidades do SUS. A faixa etária contemplada foi ampliada para doses próximas ao vencimento.
Números da dengue no Brasil
Em 2025, até então, foram registradas 536 mortes, conforme dados do painel de monitoramento da doença, mantido e atualizado pelo Ministério da Saúde. Há outros 727 óbitos em investigação. A taxa de letalidade em casos graves é de 3,8.
Os números sugerem uma melhora do quadro, em relação à epidemia registrada no ano passado, quando os índices atingiram o pior nível da série histórica, mas ainda suscitam preocupação. Em 2024, foram registradas 6.264 mortes, com taxa de letalidade em casos graves de 5,91.