Florianópolis vai afundar? Mar pode ‘engolir’ cidades de SC em menos de 75 anos, revela estudo

Uma pesquisa liderada pela Climate Central e pela Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, projeta que o nível do mar pode aumentar até 1,9 metros até o final do século. O estudo aponta que diversas cidades do Brasil, inclusive no Litoral de Santa Catarina, ficam sob risco.

Estudo aponta que cidades litorâneas de Santa Catarina podem ser engolidas pelo nível do mar até 2100

Uma pesquisa internacional apontou que o litoral catarinense pode ser engolido pelo nível do mar até 2100 – Foto: Imagem gerada por IA/ND

A projeção supera em 90 cm as estimativas mais recentes da ONU e destaca a urgência de ações contra as mudanças climáticas. A nova pesquisa, feita em parceria a Universidade de Tecnologia de Delft (TU Delft), na Holanda, foi publicada no dia 27 de janeiro deste ano.

Aumento do nível do mar pode atingir Litoral catarinense, diz estudo

O estudo, que analisou um cenário de altas emissões de CO₂, indica que bairros inteiros de Florianópolis, São José, Palhoça e outras localidades podem ficar parcialmente submersos. Entre as áreas mais vulneráveis estão Jurerê, Barra da Lagoa e Estreito, na Capital, além do Centro de Palhoça e regiões de Balneário Camboriú, Bombinhas e Imbituba.

Quais regiões de Santa Catarina seriam atingidas:

  • Florianópolis: Bairros como Carianos, Abraão e Coqueiros sob ameaça;
  • Palhoça: Centro, Pinheira e Passagem do Maciambu em área crítica;
  • Outras cidades de SC: Porto Belo, Tijucas e Governador Celso Ramos também estão no mapa de risco, segundo a pesquisa.
Regiões próximas ao mar correm riscos de serem inundadas até o final do século

Regiões à Beira-Mar de Florianópolis seriam as mais atingidas – Foto: Imagem gerada por IA/ND

O aumento do nível do mar foi calculado com base em modelos climáticos que consideram o derretimento acelerado de geleiras e outros fenômenos relacionados ao aquecimento global. Segundo o professor Benjamin Horton, diretor do Earth Observatory of Singapore, a pesquisa evidencia a gravidade dos impactos que comunidades costeiras podem enfrentar.

A pesquisa da Climate Central aborda cenários extremos de elevação oceânica e alerta mais precisos sobre vulnerabilidade costeira. A pesquisa da Clima Central baseia-se em projeções atualizadas de emissões de CO2.

“Essa pesquisa representa um avanço significativo na ciência do nível do mar. Ao estimar a probabilidade dos resultados mais extremos, ela destaca os impactos graves que a elevação do nível do mar pode ter em comunidades costeiras, infraestrutura e ecossistemas, ressaltando a urgência em lidar com a crise climática”, explica o professor Benjamin Horton, diretor do Earth Observatory of Singapore.

Litoral Norte está no radar das inundações até 2100

Áreas litorâneas de Santa Catarina, como Balneário Camboriú, poder ser invadidas pelo mar até o final do século – Foto: Imagem gerada por IA/ND

Oceanógrafo explica o que pode acontecer com o aumento do nível do mar

De acordo com o professor Jules Soto, curador-geral do Museu Oceanográfico da Univali, o mundo vive o fim de uma glaciação, “desde o período Pleistoceno, que foi o final dos animais da Era do Gelo, já com o homem já habitando na América, inclusive, no Brasil”.

“A partir daí, começou um processo de aquecimento global. E esse processo de aquecimento, se dá da seguinte forma: uma relação muito lógica de física. Quanto menor a quantidade de gelo, essa troca de calor se dá de uma forma mais acelerada, no sentido de aquecimento”, explica Soto.

Conforme o oceanógrafo, quanto menos calotas de gelo, menos áreas glaciais vão resfriar o ar, esquentando, assim, os oceanos. “Mesmo que o ser humano não existisse na Terra, esse aquecimento ia acontecer”, alerta o oceanógrafo.

Nível das águas devem aumentar até 2100

A Geleira do Juízo Final, a maior do mundo, tem este apelido porque o seu colapso pode causar um aumento catastrófico do nível do mar – Foto: Divulgação/Nasa/ND

Sobre o estudo que aponta o aumento do nível do mar em áreas litorâneas pelo mundo, incluindo Santa Catarina, Soto destaca que os dados que se tem verdadeiramente científicos, é que essa contribuição é visória em proporção aos mecanismos naturais. “Então, ela não tem sido determinante”, diz.

“Não existe nenhum trabalho, atualmente, no mundo, contundente, que diga que a queima de combustíveis fósseis está sendo determinante para o aquecimento global. O que há é uma relação direta entre desenvolvimento tecnológico, queima de combustíveis fósseis, com o aquecimento global, que estão acontecendo paralelamente”, explica.

Soto destaca que o efeito está gerando aumento do nível do mar. “Contudo, ainda é de uma forma muito breve”, disse o professor, complementando que já houve aumentos no último século e que este foi o mais rápido, inclusive com fases que estancou.

O que fazer para frear o avanço do mar?

Soto afirma que não há uma relação custo-benefício que justificasse qualquer medida para conter o avanço do mar. “Essas medidas não ocorrem de uma forma calculada. Vamos fazer barreiras? Não! Isso não tem sentido nenhum”. Segundo ele, com o passar dos séculos, principalmente, em 100 anos, esse nível do mar vai começa a “incomodar”.

“Nós já não teremos o litoral como a gente conhece hoje. Então, as próprias tecnologias, o próprio desenvolvimento da engenharia vai desenvolvendo mecanismos naturais de proteção’, explica Jules Soto.

O oceanógrafo deu como exemplo os Países Baixos (Holanda), que desenvolveu estruturas e bombeou água para fora dessas estruturas, ficando abaixo do nível do mar. “Mas isso é uma engenharia que vai acontecendo conforme os problemas vão se apresentando”, pontuou.

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