Alvo da PF, Rodrigo Manga dobrou patrimônio declarado em 4 anos

São Paulo — O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), dobrou o valor dos bens declarados à Justiça Eleitoral em um período de quatro anos. Na última eleição, em 2024, quando concorreu e venceu a reeleição à prefeitura, Manga declarou um patrimônio avaliado em R$ 528.645,00.

Já em 2020, na disputa pelo primeiro mandato, o político declarou R$ 237.602,07 em bens. Entre os itens registrados, estavam uma casa de R$ 94 mil, um terreno de R$ 34,7 mil e R$ 83,8 mil distribuídos em aplicações bancárias. Ele também declarou possuir R$ 25 mil em espécie.

Quatro anos depois, Manga informou possuir um apartamento de R$ 55,5 mil e uma Toyota Hilux avaliada em R$ 176,5 mil. As aplicações bancárias saltaram para R$ 127,8 mil. O prefeito ainda declarou, em 2024, ter R$ 23,3 mil em previdência privada e outros R$ 30 mil em dinheiro em espécie.

Se comparado com o patrimônio declarado em 2012, quando disputou a eleição para vereador, os bens de Rodrigo Manga aumentaram em quase 24 vezes. Naquele pleito, ele informou um patrimônio de R$ 22,3 mil. O valor refere-se a prestações quitadas do financiamento de um imóvel.

Na eleição seguinte, em 2016, quando disputou a reeleição para a Câmara Municipal de Sorocaba, o político declarou R$ 39,9 mil em bens patrimoniais, sendo R$ 35 mil de uma casa. O restante referia-se a R$ 3,5 mil em previdência privada e a R$ 1,3 mil em uma conta corrente.

Operação da PF

Conhecido como “prefeito tiktoker” pela popularidade nas redes sociais, Rodrigo Manga foi um dos alvos, na última quinta-feira (10/4), de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada contra uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos destinados à saúde.

Segundo a PF, o prefeito é suspeito de receber propina de um suposto esquema de desvio de dinheiro envolvendo um contrato com uma Organização Social de Saúde (OSS) para gerir uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Sorocaba.

A partir da quebra de sigilo dos investigados, a PF identificou indícios de que Manga recebeu propina por meio de transações de imóveis e depósitos em espécie a operadores financeiros. Entre os operadores, segundo a investigação, estaria Marcos Mott, um amigo do prefeito e que também foi alvo da operação.

O que diz Rodrigo Manga

O Metrópoles entrou em contato com a assessoria de Manga a respeito do aumento patrimonial. O espaço segue aberto para manifestação.

Sobre a operação da Polícia Federal, o prefeito de Sorocaba informou que “está havendo plena colaboração com as autoridades” envolvidas na operação desta quinta-feira, “para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos, o mais brevemente possível”.

“Vale destacar que a operação acontece em um momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional”, diz a nota. “Não é a primeira vez na história que vemos ‘forças ocultas’ se levantarem contra representantes que se projetam como uma alternativa ao sistema e dão voz ao povo.” O político tem se colocado como postulante ao governo de São Paulo ou à Presidência da República em 2026.

Em outra nota, a defesa de Manga afirma que não há elementos que relacionem o prefeito a atos ilícitos e diz que a PF “tenta proceder a ilegal ‘pesca probatória’ para investigar a pessoa, o que é vedado por nossa legislação. A defesa vê tal ato com enorme preocupação, justamente porque não se pode permitir que se faça uso político de nossa força policial, induzindo o Poder Judiciário em erro”.

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