Escola nega agressão à criança autista flagrada por vídeo em SP

São Paulo — O Colégio Estudarte negou, em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (11/4), que uma funcionária da escola tenha agredido uma criança autista de 6 anos dentro da unidade localizada em Campinas, no interior de São Paulo.

O caso aconteceu no dia 26 de março, mas o boletim de ocorrência (B.O.) foi registrado nesta sexta. Um vídeo mostra o momento das agressões. Em um dos trechos, no começo da gravação, é possível ver a mulher desferindo um tapa na vítima.

Veja:

 

Pelas imagens, é possível ouvir a criança, que é não-verbal, chorando e gritando, enquanto a mulher está em cima dela. Em um determinado momento, a pessoa que gravou a cena entra em uma sala onde estão outras crianças, que conseguem escutar a cena.

No posicionamento, o colégio afirmou que a agressora se chama Ellen. Segundo a instituição, a professora é portadora de lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose múltipla com alteração do campo visual, e por possuir fraqueza e visão limitada, era constantemente agredida pela criança. Na ocorrência, ela não foi ajudada pela auxiliar, que gravava o vídeo, e por isso não teve “alternativa, senão realizar a contenção mecânica da criança por imobilização, estando em conformidade com o procedimento padrão em casos de crises como a ocorrida”.

O colégio ainda nega que a funcionária tenha desferido tapas contra a criança para contê-la.

Além disso, a escola diz que a vítima tem histórico de agredir alunos, professores e monitores do colégio. O aluno está matriculado na instituição desde o dia 6 de março deste ano, quando deixou a antiga escola e, por indicação, chegou no Colégio Estudarte, que diz ser “referência no tratamento de alunos com comportamentos típicos de autista”.

A escola ainda diz que no dia do ocorrido, a criança chegou mais cedo do que o usual, algo que, segundo a instituição, já o deixou “descompensando e muito agressivo”. O aluno foi recebido pela professora Ellen e entrou na instituição se debatendo e se jogando no chão, com intuito de sair correndo para fora da escola, além de ter agredido a funcionária com mordidas, tapas, chutes e arranhões.

“Crueldade”

Segundo boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles, a mãe da vítima contou que teve acesso ao vídeo, há duas semanas. De acordo com ela, a funcionária é, na realidade, a diretora e proprietária da escola, e as imagens mostram um “completo despreparo para líder com crianças neuroatípicas”.

Ainda de acordo com o registro policial, a mãe afirmou que matriculou o filho na escola para garantir a ele acolhimento, acompanhamento pedagógico e um ambiente seguro para o desenvolvimento, porém, viu o filho ser submetido à “violência física, psicológica e humilhação por parte de quem deveria zelar por sua segurança e bem-estar”.

Em nota, a advogada da família da criança, Thais Cremasco, classifica o ocorrido como “um ato que transcende os limites da crueldade e da legalidade”.

O documento ainda diz que a família da vítima está “profundamente abalada” e que todas as medidas legais estão sendo tomadas. Até o momento, segundo a advogada, além do boletim de ocorrência, a família entrou com uma representação ao Ministério Público (MPSP) e à Vara da Infância e Juventude com pedido de medidas protetivas imediatas, uma ação cível indenizatória por danos morais e materiais, com pedido de pensão para tratamento psicológico da criança, uma denúncia à Secretaria da Educação para apuração administrativa, e possível cassação da licença da escola. A pasta afirmou que ainda não localizou a denúncia.

“Escola não é lugar de medo. Pessoa com deficiência não é objeto de violência. Toda criança tem o direito de ser protegida — especialmente naquilo que deveria ser o espaço mais seguro do seu dia”, diz a família em comunicado.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o caso é investigado pelo 4° Distrito Policial de Campinas.

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