A criação de uma ajuda de custo de R$ 200 mensais para atiradores do Tiro de Guerra de Brusque (TG 05-005) foi debatida entre os vereadores da cidade nesta terça-feira, 8 de março. O benefício alcançaria jovens pertencentes a famílias com renda de até dois salários mínimos por mês, a fim garantir aos rapazes condições de arcar com despesas básicas, como transporte e alimentação. Esse é o foco do Requerimento nº 53/2025, que após ser discutido em sessão ordinária teve sua votação adiada por um pedido de vistas.
“Dos 100 atiradores matriculados durante o ano, 10% a 15% acabam se enquadrando em famílias de baixa renda. A gente está pedindo que o prefeito diligencie junto à Secretaria da Assistência Social a possibilidade de remunerar os atiradores de baixa renda, em torno de R$ 200 mensais, para que eles possam exercer esse dever de cumprimento do Tiro de Guerra. Sabemos que para essas famílias R$ 200 acaba sendo um bom valor, que eles podem estar usando para o lanche, o corte de cabelo, a graxa para a bota”, justificou o autor da proposição, Jean Dalmolin (Republicanos).
Outros entendimentos e pedido de vistas
Os vereadores Jean Pirola (PP), Antonio Roberto (PRD), Joubert Lungen (Podemos), Valdir Hinselmann (PL), Elizabete Maria Barni Eccel, a Bete (PT), Ricardo Gianesini, o Rick Zanata (Novo), e Felipe Hort (Novo) teceram ponderações à argumentação de Dalmolin.
“Eu fico temerário apenas à fonte pagadora. Estamos falando do Exército Brasileiro. Eu acho que temos que cobrar do governo federal que eles tomem uma atitude e ajudem essa gurizada. O governo municipal já adotou a escola cívico-militar, que traz uma educação exemplar, cívica, para as crianças, e vai criar mais uma ajuda de custo? Não vejo com maus olhos, mas essa responsabilidade é do governo federal”, afirmou Pirola.
“Eles [os atiradores] precisam ter o cabelo e a barba ‘na régua’, tudo alinhadinho, e sabemos que tem famílias que não têm condição de manter esses jovens ali. Então, a tua fala, [Dalmolin], é muito importante, e como o vereador Pirola falou, é o Exército, e nós precisamos ter essa esfera de cima pra baixo”, disse Antonio.
“Concordo com as palavras do Pirola. Isso tem que vir do governo federal. Que o governo federal também auxilie com esse valor, esse custeio”, contribuiu Lungen.
“É um pensamento bom tentar auxiliar os atiradores, mas eu também vou na linha do Pirola. A Prefeitura já dá suporte aos atiradores, que é a manutenção do prédio [a sede do TG], então, acho que esse recurso deveria vir do governo federal, para dar qualidade. Por exemplo: se ele [o jovem] está no quartel, o governo federal deve estar dando o corte de cabelo, a graxa pro coturno, toda a estrutura para que lá na frente ele possa estar bem preparado para nos servir e servir a pátria”, observou Hinselmann.
“Concordo que [a ajuda de custo] deveria ser dever do governo federal, mas sabemos muito bem como é que funciona, tanto que, hoje, quem banca o Tiro de Guerra é a Prefeitura e alguns empresários. Sabemos do importante trabalho social e comunitário que o TG faz no nosso município. Várias cidades já praticam essa ajuda de custo. Fica a discussão aberta para que cheguemos a um consenso e tentemos buscar de alguma forma esse auxílio aos atiradores”, acrescentou Dalmolin em resposta aos demais parlamentares.
Bete sugeriu que a ajuda de custo proposta seja incluída no orçamento previsto anualmente pela Prefeitura para o TG. “Sair da Assistência Social não seria viável, porque cria precedentes para outros grupos específicos solicitarem auxílios vinculados, o que o Sistema Único de Assistência Social não permite e, ainda, a renda per capita para os benefícios da Assistência Social é de um quarto do salário mínimo. Não podemos criar uma categoria para receber um benefício diferenciado, mas as famílias dos atiradores que enfrentam dificuldades financeiras devem procurar a Assistência Social para se incluir em algum benefício já existente”.
O pedido de vistas à matéria partiu de Rick. “Eu gostaria de dar uma estudada melhor nesse requerimento, tenho algumas dúvidas, até porque, a gente vai estar criando um benefício. Será que não daria pra fazer uma parceria entre o TG e o SINE, para encaminhar esses jovens ao mercado de trabalho e os ajudar a arrumar um emprego, em vez de receber um auxílio? Se eles têm saúde para servir no Tiro de Guerra, têm saúde para trabalhar. Posso até ser tachado de não querer ajudar o TG, mas não estou querendo criar mais um benefício a um jovem que tem saúde. A nossa cidade tem emprego em tudo quanto é empresa”.
Hort endossou o ponto de vista de seu correligionário. “Eu concordo [com o Rick] que a gente tem que tentar reformular um pouquinho esse requerimento. O jovem que eventualmente está desempregado tem que analisar qual é o motivo. Um jovem com força, de 18 anos, pode ingressar [no mercado de trabalho]. Eu acho que tem bastante empreendedor nessa cidade que pode dar uma oportunidade”.
Hinselmann reforçou o entendimento de Rick. “Hoje, todas as empresas [estão] solicitando mão de obra e os nossos empresários são solícitos, liberam um pouco mais cedo, deixam sair para servir. Eles entendem a necessidade desses rapazes de estarem no quartel. É importante a gente fazer esse encaminhamento com o SINE para que eles possam ter a garantia de emprego e estar servindo”.
O pedido de vistas foi aprovado por unanimidade, com 14 votos favoráveis. O Requerimento nº 53/2025 deve figurar na pauta da próxima sessão ordinária.
Texto: Talita Garcia/Câmara Municipal de Brusque.