Ginecologista alerta sobre riscos da exposição de adolescentes às redes sociais

 

É recomendável ao ginecologista que, em sua prática clínica atual, esteja atento aos principais riscos associados ao uso inadequado das redes sociais: abuso ou exploração sexual, cyberbullying, golpes financeiros e jogos de apostas, incluindo esses tópicos na orientação preventiva em consultas”, alerta Dr. Gerson Pereira Lopes, ginecologista e sexologista da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

 

Segundo o médico, em sociedades como a nossa onde há acesso limitado à educação sexual, os jovens tendem a recorrer à pornografia na internet como fonte de informação, o que pode influenciar suas atitudes.

A curiosidade sobre o próprio corpo e a sexualidade torna-se mais acentuada nesta faixa etária, fazendo com que os adolescentes sejam particularmente suscetíveis às influências externas, como a erotização virtual. “Com certeza esta erotização virtual promove um impacto na formação da identidade sexual, ao implicar nas percepções sobre o corpo, o desejo e as expectativas nas relações íntimas, criando padrões distorcidos e desafios na aceitação saudável do próprio corpo e dos desejos”, acrescenta o sexólogo.

 

“As redes sociais na saúde mental e sexual dos adolescentes” é tema de aula do 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio, no Riocentro, RJ.

 

Pesquisas demonstram que há associação entre a exposição à pornografia na adolescência e o início mais precoce da atividade sexual, especialmente antes dos 16 anos. “Também observo cada vez mais ao atender adultos a história de uso excessivo de pornografia produzindo nesta pessoa uma patologia sexual nova que é o ‘vício à pornografia’. Estas pessoas não têm desejo de se relacionar com outra e, sim, de acessar de maneira compulsiva conteúdos pornográficos”, conta Dr. Gerson.

Vale lembrar que a exposição excessiva de imagens pessoais compartilhadas de maneira não consensual de algum conteúdo íntimo pode gerar constrangimento e sofrimento psicológico para as vítimas, que frequentemente são adolescentes vulneráveis.

 

Pais e educadores têm um papel importante no sentido de adiar o acesso digital: nada de celulares antes do ensino médio; limitar redes sociais (não acessar antes dos 16 anos); priorizar experiências reais (independência, mais brincadeiras e responsabilidades no mundo real); buscar ambientes educacionais que priorizem a atenção plena e as interações face a face, conforme consta no “Manual de Orientação: Menos Telas, Mais Saúde” (leia aqui) indicado pelo médico, que traz algumas dicas aos pais:

 

– Filhos devem usar as redes sociais com acompanhamento familiar.

– Pais devem orientar filhos no desenvolvimento do julgamento crítico

– Adultos também precisam dar pausas de três a quatro semanas em estímulos intensos, permitindo que o cérebro restabeleça níveis saudáveis de dopamina, ajudando a quebrar o ciclo de dependência e favorecendo a autoanálise do comportamento (proposta de Anna Lembke no livro “Nação Dopamina” de 2022).

– Todos podem consultar o “Guia sobre Usos de Dispositivos Digitais”, documento oficial do Governo Federal, com análises e recomendações sobre o tema – Crianças, Adolescentes e Telas. “Este guia é baseado em evidências científicas e nas melhores práticas internacionais. Este guia é inteiramente comprometido com a construção de um ambiente digital mais saudável.

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