Líder de golpe de Estado, general Nguema é eleito presidente do Gabão

O general Brice Clotaire Oligui Nguema foi eleito presidente do Gabão, país na África Central, para um mandato de sete anos, após obter 90,35% dos votos válidos na eleição presidencial realizada no sábado (12/4). Os dados provisórios foram divulgados neste domingo (13/4) pelo Ministério do Interior do país africano.

A vitória marca o fim do período de transição iniciado em agosto de 2023, quando Nguema liderou um golpe militar que derrubou o então presidente Ali Bongo Ondimba. A manobra encerrou décadas de domínio da família Bongo no poder.

Com uma margem expressiva, o general consolidou sua posição como principal figura política do país. Seu adversário mais próximo, Alain-Claude Bilie By Nze, teve apenas 3,02% dos votos. Os demais seis candidatos não alcançaram sequer 1% da votação.

Bilie By Nze era o principal porta-voz da oposição e se apresentava como o candidato da ruptura. Crítico da estrutura de poder herdada do antigo regime, ele denunciou o que chamou de tentativa de perpetuar o sistema político do Partido Democrático Gabonês (PDG), que governou o país por mais de 50 anos.

Do outro lado, Nguema baseou a campanha em um discurso anticorrupção e de continuidade com mudanças. Apresentando-se como um reformador, o general prometeu diversificar a economia, que depende fortemente do petróleo, além de investir nos setores agrícola, industrial e turístico. Segundo ele, o objetivo é enfrentar a pobreza que atinge cerca de um terço da população.

Entre as propostas da oposição estavam a reorganização das finanças públicas e a redução da dependência da França, antiga potência colonial que mantém laços estreitos com o Gabão.

A candidatura de Nguema foi viabilizada por uma reforma constitucional aprovada no fim de 2024, que permitiu a militares no exercício de suas funções disputarem cargos eletivos. Durante a campanha, o general teve forte presença na mídia e promoveu grandes eventos públicos, especialmente na capital Libreville.

A eleição contou com a participação de aproximadamente 850 mil eleitores e foi acompanhada por cerca de 2.500 observadores, de acordo com as autoridades locais, que asseguraram o compromisso com um processo “livre e transparente”.

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