O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), fez um discurso em homenagem ao empresário Samuel Franco, o “Samuca”, apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos operadores financeiros do esquema investigado pela operação Overclean.
Em discurso durante o lançamento de um empreendimento de Samuel, gravado em vídeo, o prefeito chama o empresário de “irmão que a vida deu”. Bruno também relata que conversa diariamente com o Samuel por telefone para trocar conselhos.
Veja o vídeo:
“Vocês sabem da minha amizade, do meu carinho, do meu amor, mas principalmente da admiração que eu tenho por esse cara aqui, esse irmão que a vida me deu, Samuca. Samuca sabe a hora de ligar. E ele me liga todos os dias entre 8h e 8h10, que é a hora que ele sabe que eu saio da academia e estou me deslocando até minha casa. E toda vez que ele me liga, eu tenho certeza de que é para ouvir palavras de estímulo e apoio para poder continuar”, diz o prefeito no vídeo, ao qual a coluna teve acesso.
Vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto aparece na gravação ao lado de Bruno e do empresário. Neto é considerado o padrinho político de Bruno Reis. Foi ele quem indicou o atual prefeito como a candidato a sua sucessão na prefeitura.
Em nota enviada à coluna, a assessoria do atual prefeito de Salvador afirmou que Bruno Reis “não é alvo de qualquer investigação”. A assessoria também ressaltou que a relação do prefeito da capital baiana com Samuca “é de ordem pessoal”.
Na segunda-feira (14/4), reportagem do jornal Folha de São Paulo revelou que Bruno Reis tem uma sociedade com Samuel desde 2022. Os dois são sócios na empresa “SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda”.
Quem é o empresário na Overclean?
Samuca é um empresário do ramo imobiliário apontado como possível operador financeiro do esquema investigado. Ele é ligado a Carlos André Coelho, ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória (BA), preso na segunda fase da Overclean.
A operação investiga um esquema bilionário de fraudes em licitações, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, com ramificações em diversos estados. O esquema seria liderado pelo empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”.
Segundo a Polícia Federal, o grupo criminoso teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de contratos fraudulentos, especialmente ligados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia.