Na manhã dessa terça-feira (15/4), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Farra Brasil 14 para desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes milionárias por meio do aplicativo Caixa Tem, utilizado para o pagamento de benefícios sociais do governo federal.
O golpe, segundo a PF, envolvia corrupção de funcionários da Caixa Econômica Federal e de casas lotéricas e atingiu diretamente recursos destinados a beneficiários do Auxílio Brasil, FGTS e seguro-desemprego.
As investigações revelaram que o grupo criminoso agia em etapas bem estruturadas, que envolviam desde o acesso ilegal a contas até o uso de tecnologia para ocultar rastros. Veja como funcionava:
- O primeiro passo era aliciar funcionários da Caixa Econômica e de lotéricas, que recebiam propina para fornecer ou facilitar o acesso a dados sensíveis de beneficiários de programas sociais. Essa rede interna era essencial para quebrar os mecanismos de segurança do sistema.
- Com as informações obtidas ilegalmente, os criminosos conseguiam acessar as contas das vítimas pelo app Caixa Tem, como se fossem os próprios beneficiários. Eles alteravam senhas, trocavam e-mails e redirecionavam os pagamentos para contas controladas pelo grupo.
- Uma vez dentro das contas, os golpistas realizavam transferências, compras e saques indevidos, muitas vezes em horários estratégicos para evitar detecção imediata. Parte do dinheiro era movimentada por meio de contas de laranjas e empresas de fachada.
- Para dificultar o rastreamento, o grupo usava dinheiro em espécie, transferências pulverizadas e até aquisição de bens em nome de terceiros. A operação identificou transações que caracterizam lavagem de dinheiro, com uso de ferramentas digitais para apagar rastros.
Desde a criação do Caixa Tem, em abril de 2020, a Caixa Econômica Federal já registrou cerca de 749 mil contestações de movimentações suspeitas, totalizando quase R$ 2 bilhões em valores questionados.
Operação
Cerca de 80 investigadores da PF participaram da operação, cumprindo 23 mandados de busca e apreensão em sete cidades do estado do Rio de Janeiro, incluindo Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Macaé, Rio das Ostras e a capital.
A Justiça Federal também impôs medidas cautelares a 16 investigados, que deverão responder por organização criminosa, furto qualificado, corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistemas de informação. Se condenados, os investigados podem enfrentar penas que somam até 40 anos de prisão.