O “efeito tarifaço” voltou a ditar o comportamento dos mercados de câmbio e ações no Brasil. Nesta quarta-feira (16/4), o dólar registrou queda de 0,44%, cotado a R$ 5,86. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), anotou baixa de 0,68%, aos 128.363 pontos.
Os dois movimentos – tanto a queda do dólar como a baixa do Ibovespa – foram condizentes com o cenário global. No mundo, o dia foi de tempestade perfeita. Com isso, o dólar perdeu valor frente boa parte das demais divisas e a maioria das Bolsas cedeu mundo afora.
Nesta quarta-feira, não faltaram fones de turbulência. A Casa Branca informou que as tarifas contra a China chegam a 245%. O número causou surpresa, uma vez que a cota anunciada na semana passada era de 145% (número que resultava da soma da sobretaxa de 125% e de mais 20% referentes à crise do fentanil).
O governo americano também proibiu a Nvidia de vender o chip de IA H20 aos chineses. A empresa disse que sofrerá um baque de US$ 5,5 bilhões no trimestre como resultado da medida. O H20 foi desenvolvido para o mercado chinês. É usado em datacenters de gigantes asiáticas como Tencent, Alibaba e ByteDance.
Powell preocupado
Além disso, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, afirmou que as tarifas de Trump atingiram um nível maior do que o esperado. Isso mesmo diante da perspectiva “mais extrema”.
Powell observou que as mudanças promovidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na política comercial devem afastar o BC americano de suas metas. A hipótese vigente é de que haja uma queda no emprego a partir da desaceleração da economia e, simultaneamente, um aumento na inflação, puxada pelas tarifas.
Varejo em alta
As vendas no varejo americano, por enquanto, aumentaram 1,4% em março, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Departamento de Comércio dos EUA. Para analistas, contudo, elas foram preventivas. Os consumidores estariam antecipando a aquisição de produtos antes da vigência das tarifas, como no caso dos automóveis.
Dólar caiu geral
Nesse cenário – e com análises como a de Powell – as perdas do dólar foram gerais. Às 16h50, ele caía 0,96%, segundo o índice DXY, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas de países desenvolvidos. “E essa queda de quase 1% em relação aos pares dos EUA é muito alta”, diz Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos.
Em relação a outras moedas de países emergentes, o dólar também saiu perdendo. Às 16h50, ele registrava baixa de 0,66% em relação ao peso mexicano. Sobre o peso colombiano, a desvalorização era ainda maior: 1,02%, no mesmo horário.
Ibovespa dividido
As turbulências provocadas pelas tarifas também atingiram os mercados de capitais. A queda do Ibovespa, porém, foi parcial, observa João Vitor Saccardo, da mesa de renda variável da Convexa. Ele pondera que, embora o índice tenha recuado 0,50%, algumas ações subiram. “Os investidores estão apostando em empresas de setores que podem se dar bem com o tarifaço, como do agronegócio”, diz o analista.
Ásia acusa golpe
A maioria das Bolsas da Ásia fechou em queda nesta quarta-feira. O índice Nikkei 225, de Tóquio, caiu 1,01%, e o Kospi, de Seul, baixou 1,21%. Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 1,93%. Na contramão do bloco, o Xangai Composto da China continental subiu 0,26%.
Europa mista
Na Europa, como dizem os analistas, as principais Bolsas fecharam “sem direção única”. O índice Stoxx 600, que reúne empresas de 17 países, caiu 0,19%. O CAC 40, de Paris, caiu
0,07%, o que significa estabilidade. Já o FTSE 100, da Bolsa de Londres, e o DAX, de
Frankfurt, subiram, respectivamente, 0,32% e 0,27%.
Nos EUA, índices derretem
Os principais índices dos EUA, contudo, seguiram o mesmo caminho: derreteram. O S&P 500 recuou 2,80%; o Dow Jones, 2,10%; e o Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, 3,80%.