Você pagaria para filtrar microplásticos do seu sangue? Essa é a proposta da startup londrina Clarify Clinics. A empresa oferece uma espécie de limpeza completa de microplásticos, produtos químicos permanentes e outras toxinas do sangue, com tratamentos que custam a partir de £ 9.750 (cerca de US$ 12.800 ou R$ 60.000 no Brasil).
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Há uma lista infinita de locais onde os microplásticos foram encontrados que passam pelo Monte Everest, as Fossa das Marianas (local mais profundo dos oceanos), a neve da Antártida, e também as nuvens, o plâncton, as tartarugas, as baleias, o gado, os pássaros, a água da torneira da sua casa, a cerveja, o sal, as placentas humanas, o sêmen, o leite materno, as fezes, os testículos, o fígado, o cérebro, as artérias e, por final, o seu sangue.
Um repórter da Wired topou a proposta e visitou a clínica. Matt Reynolds conta que cerca de dez a 15 pessoas entram no local semanalmente. Após a consulta inicial, os pacientes se acomodam em uma poltrona para a coleta do sangue, que passa por uma máquina centrífuga que separa o plasma das células sanguíneas. O plasma, então, é filtrado por uma seção que supostamente retém os microplásticos e outras substâncias químicas indesejáveis, antes de ser misturado novamente às células sanguíneas e retornar ao paciente. O processo dura até duas horas e processa de 50% a 80% do plasma sanguíneo.
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Yael Cohen, CEO da Clarify Clinic, diz que os pacientes não sentem dor ou incômodos, atendem ligações, fazem chamadas pelo Zoom, assistem a filmes e dormem… As razões para procurar o tratamento são várias e vão desde a fadiga crônica e confusão mental até sintomas de Covid longa. A clínica também oferece tratamentos com medicamentos para perda de peso com medicação do tipo Ozempic, de fertilidade e para evitar a demência.
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Para quem tem dinheiro para investir, não foram encontrados alertas de contraindicações. O problema é a falta de comprovação sobre quais problemas, de fato, são causados pelos microplásticos. O que a clínica vende é a esperança de aliviar sintomas diversos, livrando o sangue de microplásticos ou outros contaminantes potenciais, como os produtos químicos e pesticidas.
Contudo, não sabemos muito, ainda, sobre como os microplásticos afetam a saúde humana. Um relatório da OMS de 2022 sobre microplásticos concluiu que ainda não havia evidências suficientes para determinar se eles representavam um risco ou não. Pesquisas já foram feitas, microplásticos encontrados, mas não relacionados diretamente a causa de doenças. Não se provou que não são seguros, nem em qual quantidade fariam mal.
A executiva, no entanto, se baseia em estudos que citam impactos potenciais (há uma área no site dedicada a isso) e nos relatos dos clientes, que afirmam terem os níveis de energia mais altos ou melhora no sono após experimentar o tratamento. A maioria dessas pessoas chega à clínica por meio do boca a boca, posts nas redes sociais e também influencers.
A história completa você lê na Wired, em inglês.
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