São Paulo — Guto Volpi (PL), prefeito de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, saiu em defesa de Sandro Torres Amante, secretário da Segurança Urbana da cidade e ex-guarda civil municipal (GCM), nesta quinta (17/4). Amante é acusado pelo Ministério Público paulista (MPSP) de integrar uma milícia envolvida com furto qualificado e receptação.
No perfil no Instagram, Volpi afirmou acreditar na inocência do secretário e elogiou a carreira profissional dele.
“Destaco aqui a trajetória do Sandro, guarda municipal com 30 anos de carreira na Prefeitura e contribuições à cidade. Reafirmo meu compromisso com a verdade, salientando que toda e qualquer decisão da Justiça será cumprida por nosso governo”, disse, em nota.
O ex-GCM foi afastado do cargo em 2022, após denúncia do MPSP. Ele assumiu a pasta da Segurança Urbana do município após eleição de Volpi, no último pleito.
Suspeito de integrar milícia
Sandro foi denunciado junto com Marcelo Cruz Dellavale, Gutembergue Martins Silva, Carlos Douglas Furlani, Thiago Araújo Silva e Marcos Paulo Campanhã de Moraes, todos da GCM de Ribeirão Pires, pela prática de furto qualificado, receptação e associação criminosa.
A partir de denúncias enviadas ao MPSP por testemunhas protegidas, em 2020, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) passou a investigar a suspeita de atuação de uma milícia na cidade, que teria cometidos crimes ao menos entre junho de 2018 e abril de 2019.
O Gaeco ainda trabalha com a hipótese de um eventual grupo de extermínio, já que os relatos das testemunhas apontam para diversos homicídios, cometidos entre 2013 e 2019.
Furto a açougue
- Os réus são acusados de furtar dois açougues em Ribeirão Pires na madrugada de 18 de junho de 2018.
- De acordo com as investigações, os guardas municipais teriam alterado o posicionamento das câmeras de monitoramento da cidade para não serem flagrados durante o crime.
- Eles também forjaram uma ocorrência policial para desviar a atenção dos agentes de segurança para um bairro distante.
- A empresa de monitoramento responsável pela vigilância dos açougues furtados pertenceria a um primo de Sandro e teria o próprio secretário da Segurança, além de Gutembergue, no quadro de funcionários.
- Para o MPSP, a empresa possivelmente era utilizada para levantar potenciais estabelecimentos comerciais que seriam alvos de furto.
- A investigação destaca que os comércios não apresentavam sinais de arrombamento, sugerindo o uso de chaves e outras formas de entrada acessíveis somente para quem realizava a segurança local.
Condenações
Os três foram condenados a 2 anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto, além de multa. Sandro e Gutembergue também tiveram a perda dos respectivos cargos públicos decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
O trio entrou com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa de Gutembergue pediu a anulação da condenação, alegando que o processo usou “prova contaminada”.
Já a defesa de Marcelo pediu pela absolvição alegando ausência de provas que liguem o guarda municipal aos crimes. A informação, que consta no processo judicial obtido pelo Metrópoles, foi confirmada à reportagem por um dos advogados do acusado.
Sandro também recorreu ao STJ questionando a validade das provas. No entanto, os advogados, assim como os de Gutembergue, não responderam às tentativas de contato da reportagem até a última atualização deste texto.
A reportagem procurou a Prefeitura de Ribeirão Pires para comentar o caso, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.