Vaticano
O papa Francisco declarou o padre Nazareno Lanciotti como beato da Igreja Católica, nesta semana, ao reconhecer seu martírio no Brasil. O religioso foi assassinado em 2001, após celebrar uma missa na cidade de Jauru, no estado do Mato Grosso.
O padre, de origem italiana, denunciava atividades ilegais na região, como tráfico de drogas, prostituição e exploração de menores. Ele levou um tiro no pescoço dentro da paróquia, uma hora após a celebração, e morreu dias depois em um hospital em São Paulo.
Padre atuava há décadas no Mato Grosso
Nazareno Lanciotti chegou ao Brasil no início dos anos 1970. Atuou por décadas na cidade de Jauru, onde criou a Paróquia Nossa Senhora do Pilar e fundou 57 comunidades eclesiais. Também implementou escolas e centros comunitários de saúde para a população local.
A Arquidiocese de Cuiabá informou que o padre enfrentava perseguições por denunciar crimes na região. De acordo com a instituição, ele confrontava interesses escusos e, por isso, passou a sofrer ameaças e intimidações.
Beatificação reconhece martírio
A beatificação é o penúltimo passo para a canonização. Segundo a Igreja Católica, o mártir é alguém que morre por causa da fé cristã. Ao declarar Lanciotti beato, o papa reconhece seu testemunho de vida e sua resistência diante da violência.
A cerimônia representa um marco para a Igreja no Brasil. O nome do padre já batiza uma avenida em Jauru, onde ele ainda é lembrado por suas ações sociais.
Comparações com o caso de irmã Dorothy
O antropólogo Rodrigo Toniol, da UFRJ, comparou o caso de Lanciotti com o assassinato da irmã Dorothy Stang, ocorrido em 2005. Ambos denunciavam crimes em áreas rurais e enfrentaram a violência em consequência disso.
Toniol afirmou que a beatificação indica a presença ativa da Igreja em regiões afastadas e atua como símbolo de proteção comunitária. “A capilaridade da Igreja Católica ainda se mantém forte nessas regiões”, explicou.
Papa também reconhece virtudes de Antoni Gaudí
No mesmo anúncio, o papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas do arquiteto Antoni Gaudí, criador da igreja Sagrada Família, em Barcelona. O gesto marca o início do processo de canonização do artista, etapa anterior à beatificação.
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