Terror na embaixada: estrangeira relata abusos diversos e restrição de liberdade

O 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Brasília acatou pedido de medida protetiva contra uma representante da Embaixada do Zimbábue no Brasil. A mulher ocupa um cargo descrito como ministra conselheira e foi denunciada por manter uma funcionária, que veio do país africano há cerca de três anos, em condições abusivas de trabalho e situações de assédio em uma residência oficial localizada no Lago Sul.


O que se sabe sobre o caso

  • Uma medida protetiva foi concedida contra representante da Embaixada do Zimbábue por supostas condições abusivas de trabalho contra uma funcionária.
  • A decisão proíbe a representante de se aproximar da vítima a menos de 300 metros e de manter contato, sob pena de prisão preventiva. O caso é investigado e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) foi acionado.
  • A vítima, contratada como cozinheira, relata que precisou fazer massagens em partes íntimas, restrição de liberdade, controle de alimentação e retenção de documentos.
  • De acordo com o relato da vítima, ela, inclusive, sofreu impedimentos quando quis ir ao hospital estando doente. Após as situações, tentou suicídio e foi socorrida.

A decisão foi publicada no fim da noite da última quarta-feira (16/4). De acordo com a juíza responsável, a representante do consulado do Zimbábue está proibida de se aproximar da vítima a menos de 300 metros e manter qualquer contato com ela por meios físicos ou digitais. O descumprimento poderá acarretar prisão preventiva. O caso ainda está sob investigação e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) foi acionado.

Segundo o relato, a vítima foi contratada inicialmente como cozinheira, mas passou a prestar serviços íntimos e de cuidados pessoais a outra mulher, incluindo massagens nos seios e auxílio em banhos, sob constante vigilância. A jovem também relatou restrições de liberdade, controle de alimentação, impedimento para procurar atendimento médico e até a retenção de documentos pessoais por parte da agressora.

Testemunho da vítima

De acordo com o testemunho, a vítima contratada para cozinhar e limpar a casa do embaixador, mas que, na prática, passou a exercer a função de terapeuta, realizando banhos e massagens na conselheira da embaixada. No início, quando chegou sozinha ao Brasil, sua intenção não era trabalhar para os representantes do Zimbábue, mas aceitou o emprego posteriormente.

A agressora frequentemente a incomodaria, ligando insistentemente e exigindo que estivesse disponível a todo momento, não importando o horário. A representante solicitava sua ajuda até mesmo para tomar banho e receber massagens corporais; que, inicialmente, as massagens se restringiam às pernas.

Nos últimos meses, teria passado a exigir que ela massageasse suas pernas, costas, seios e até áreas íntimas sob o pretexto de que tinha feridas, além de exigir ajuda para tomar banho e aplicar talco em sua virilha. A empregada morava na casa da representante do consulado do Zimbábue no Brasil, no Lago Sul.

Questionada sobre sua alimentação, a funcionária disse que, em tese, poder se alimentar com a comida da casa. No entanto, certa vez, a outra mulher gritou com ela por ter pegado um pedaço de pão e que havia uma fiscalização e controle da comida ingerida, gerando diversos constrangimentos.

Também afirmou que nunca ficou trancada dentro de casa, mas que, certa vez, dormiu nas escadas do jardim, aguardando o amanhecer, sendo impedida de sair livremente. A funcionária chegou a ficar seriamente doente em três ocasiões, segundo o relato, sem ter permissão para ir ao hospital.

Em um dos momentos em que acabou ficando após ter uma infecção dentária, só conseguiu ir ao centro médico após ser socorrida por outras pessoas vinculadas à embaixada.

No dia 9 de abril, após as ações de assédio, a vítima ingeriu veneno e tinha como objetivo tirar a própria vida. Ela passou mal, vomitou, foi socorrida por um motorista de aplicativo e acabou levada ao hospital pelo homem.

A mulher acredita que, diante do episódio, sua chefe teria sido forçada a registrar seu desaparecimento na delegacia. Por fim, indicou que a representante diplomática está de posse de seu passaporte, carteira de identidade, cartão de febre amarela e demais comprovantes de vacinação.

Manifestações

O Metrópoles tenta contato com a embaixada do Zimbábue no Brasil para receber esclarecimentos. O espaço será atualizado assim que uma resposta ou manifestação for enviada.

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