A Revolução Cultural de Mao Tse-Tung e de Trump (por Ricardo Guedes)

Algumas pessoas têm apontado algumas similaridades entre a Revolução Cultural de Mao Tse-Tung e a Revolução Cultural de Trump. E elas têm razão, existem alguns pontos que são significativamente comuns, no que passo aqui a apontar.

Há um consenso entre os economistas, do mundo, de que as decisões de Trump são equivocadas, e que não levarão ao desenvolvimento econômico e social dos Estados Unidos. O que fez a América “Great Before” foi o mercado, e não as tarifas alfandegárias; a liberdade política e de expressão, e não as tentativas de quebra das leis e abuso do poder. O Departamento de Economia da Universidade de Chicago deve estar, hoje, se corroendo de dor! Ou seja, Trump não vai resolver o problema da economia americana, mas somente liderar o sentimento de frustração que o americano hoje sente devido à diminuição de sua força econômica e importância política no cenário mundial.

A China é uma civilização milenar, forjada na guerra e na disciplina, sob os princípios Confucionistas da aceitação coletiva, em uma sociedade politicamente centralizada. Em 1949, Mao Tse-Tung vence com a Revolução Chinesa. Mao Tse-Tung, entretanto, antes de entrar em uma cidade ou província, negociava a continuidade da propriedade privada na economia por até 3 (três) gerações, em troca de não haver combates, preservando, assim, significativa parcela da capacidade empresarial da China, ao contrário do que ocorreu na Rússia. Após a Grande Fome de 1959 a 1961, devido à coletivização forçada da agricultura, em 1966 Mao Tse-Tung liderou a Revolução Cultural, no escopo da ideologia socialista, levando o país a seus piores tempos. Em 1981, o Partido Comunista Chinês chegou a classificar a Revolução Cultural como o “retrocesso mais severo” da China desde 1949.

De 1976 a 1989, Deng Xioping, o “Arquiteto da Nação”, liderou a China introduzindo reformas voltadas para o mercado e o desenvolvimento, com fortes investimentos em infraestrutura, energia, indústria, urbanização, educação, tecnologia e negócios. Seguem-se Jiang Zemin (1989-2002), Hu Jintao (2002-2012), e Xi Jinping (2012 até o presente), em um país que, hoje, de Comunista, somente tem o nome do Partido que a lidera. O PIB da China em 1960 era de US$ 0,06 trilhão; US$ 0,19 trilhão em 1980; US$ 1,2 trilhão em 2000; US$ 14,7 trilhões em 2020; estimados US$ 16,3 trilhões em 2024.

Trump vai contra os princípios da nação, da liberdade econômica, da liberdade política, e intelectual. Em 1960, o PIB dos Estados Unidos era de US$ 0,54 trilhão; US$ 2,9 trilhões em 1980; US$ 10,3 trilhões em 2000; US$ 21,4 trilhões em 2020; estimados US$ 28,5 trilhões em 2024. Em toda a série, somente por duas vezes o PIB americano caiu: 2% de 2008 a 2009 devido à crise do subprime; e 0,9% de 2020 a 2021 devido ao COVID.

Na China, o inimigo interno de Mao Tse-Tung eram os empresários, e o externo o “imperialismo”. Nos Estados Unidos de Trump, o inimigo interno são os imigrantes, e o externo todos os países do mundo, incluindo os politicamente aliados. Dados da OCDE indicam possível queda do PIB Americano em mais de 1% para 2025 devido ao tarifaço. Por outro lado, a China obteve surpreendentes 5,4% de crescimento neste primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, já nestes tempos da Guerra Comercial.

Os resultados econômicos de Trump serão o reverso do pretendido. Trump, então, se baseará na “liderança do ressentimento”, como base de suas ações. Ao final dos danos que Trump irá causar ao seu país, e à maior parte do mundo, os Americanos deverão reavaliar o ocorrido e tomar novo rumo, mais simples e mais eficiente, voltando aos princípios básicos da nação.

Lembrando que o “ódio” não “põe mesa”.

 

 

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Autor

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