Milhares protestam em Londres pelos direitos de pessoas trans

Milhares de manifestantes se reuniram em Londres, na Inglaterra, neste sábado (19/4), para defender os direitos das pessoas transgênero. O protesto acontece após a decisão polêmica da Suprema Corte britânica de basear a definição legal de mulher no sexo biológico.

“Mulheres trans são mulheres”, “Pessoas trans não são inimigas” e “Eu, um homem? Cale a boca!” eram algumas das frases estampadas nos cartazes apresentados pelos manifestantes, a maioria deles entre 20 e 30 anos.

Eles se reuniram no centro de Londres, na Praça do Parlamento, enquanto outra manifestação deve acontecer em Edimburgo, na Escócia.

A decisão da Suprema Corte, anunciada na quarta-feira (16/4), deve ter grandes consequências para mulheres transgênero, abrindo caminho para sua exclusão de espaços exclusivos para mulheres, como banheiros e abrigos.

Embora o tribunal tenha garantido que a decisão não reduz as proteções contra discriminação ou assédio que as pessoas transgênero já possuem, a ansiedade entre elas está crescendo.

“Tudo sobre a minha transição será mais complicado”, teme Joe Brown, uma mulher trans de 29 anos que está em processo de mudança de gênero.

Ela acredita que crianças trans têm “mais medo” de se assumir e teme que pessoas trans “não tenham mais acesso aos serviços de saúde”.

Eevee Zayas, que se identifica como trans e não binária, expressou preocupação de que “os extremistas se sintam fortalecidos pela decisão” da Suprema Corte, afirmando que a transfobia já está aumentando.

Morando no Reino Unido há 14 anos, Eevee decidiu retornar ao seu país natal, a Espanha, acreditando que ele seria mais progressista.

Avery Greatorex, copresidente da organização Pride in Labour, explicou que a manifestação foi organizada “para pressionar o governo e o público” a tomar medidas para “garantir os direitos das pessoas transgênero”.

A decisão da Suprema Corte marca o ápice de uma longa batalha jurídica entre o governo escocês, que apoia os direitos dos transgêneros, e ativistas feministas. Estas últimas comemoraram a decisão como uma vitória para os direitos das mulheres.

“Isso não é feminismo, é intolerância”, rebateu uma manifestante com seu cartaz.

O governo britânico de centro-esquerda afirmou que a decisão trouxe “clareza (…) para mulheres e prestadores de serviços como hospitais, abrigos e clubes esportivos”.

(Com AFP)

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