Diante de um novo julgamento nos EUA sobre monopólio nas buscas, o Google comunicou que as punições propostas pelo Departamento de Justiça do país (DOJ) sobre o caso poderiam encarecer aparelhos, “quebrar” Android e Chrome e ainda impactar a corrida tecnológica entre EUA e China.
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Uma nova audiência começou na última segunda-feira (21) em Washington, nos EUA para avaliar quais medidas serão aplicadas contra a Gigante de Mountain View — uma sentença de prática de monopólio ilegal já foi proferida pelo juiz Amit Mehta em agosto de 2024, e agora o Tribunal avalia as consequências para a companhia.
A empresa já confirmou que vai recorrer da decisão final, mas ainda aguarda as decisões que serão determinadas pela justiça dos EUA. O Google entende que as medidas propostas, que incluem a venda do Chrome e o fim de acordos para privilegiar o buscador próprio em aparelhos de terceiros, poderiam afetar negativamente a economia, a vida dos consumidores e a liderança tecnológica do país.
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O Canaltech detalha o posicionamento da empresa:
- Impactos na economia e nos ecossistemas digitais
- Decisão não acompanharia o ritmo da evolução da IA
- Disputa entre EUA e China foi mencionada
- Entenda o julgamento
Impactos na economia e nos ecossistemas digitais
O principal argumento do Google durante o caso é de que “as pessoas usam os serviços porque elas querem e não porque são forçadas”, seguindo uma teoria de que o buscador seria usado apenas por ser melhor do que a concorrência.
Segundo a empresa, as medidas propostas pelo DOJ dificultariam o acesso às ferramentas pelos usuários, já que celulares e navegadores colocariam outros buscadores rivais como a opção padrão.
Além disso, a Big Tech defende que limitar o alcance do buscador poderia encarecer celulares e navegadores, visto que empresas dependem do faturamento recebido pelas pesquisas — nesse caso, o Mozilla Firefox foi citado como um exemplo que depende dessa fonte de renda.
A possível venda forçada de Chrome e Android, defendida pelo Departamento de Justiça, poderia “quebrar” os sistemas na visão do Google. A empresa entende que uma cisão tem potencial de colocar a estrutura e a segurança dos serviços em risco e ainda poderia aumentar o preço dos aparelhos, considerando que ambos são oferecidos gratuitamente pelo Google.

Decisão não acompanharia o ritmo da evolução da IA
A Gigante de Mountain View ainda argumenta que o mercado de IA se desenvolve rapidamente e “sem as intervenções radicais de mercado” sugeridas pelo DOJ. Como exemplo, listou uma série de inovações no segmento durante os últimos nove meses (ou seja, desde quando a sentença de monopólio foi confirmada).
A empresa tomou a liberdade de mencionar novidades de diversos concorrentes ao Gemini, incluindo ChatGPT, Grok, Copilot e a chinesa DeepSeek. A defesa da companhia é de que as punições propostas também atrasariam o desenvolvimento de IA.
Disputa entre EUA e China foi mencionada
A situação geopolítica também foi colocada na mesa: o Google reforçou que há uma “corrida competitiva global” com a China pela liderança tecnológica da próxima geração e faz parte da lista de empresas estadunidenses que conduzem o processo, então a decisão judicial correria o risco de “segurar a inovação americana”.
Vale destacar que o processo sobre a acusação de monopólio começou durante a primeira gestão de Donald Trump na presidência do país e esteve em andamento durante o mandato de Joe Biden. Até o momento, a Casa Branca não comentou o caso.
Entenda o julgamento
A audiência iniciada em 21 de abril tem o objetivo de ouvir testemunhas, expor documentos e avaliar quais são as possíveis consequências que devem ser tomadas pelo Google com relação à prática de monopólio ilegal no mercado de buscas. A sentença já foi confirmada em 2024, mas o que acontecerá com a empresa ainda é incerto.
A posição do DOJ é de que o Google precise enfrentar medidas severas, incluindo o fim de contratos com empresas como Apple e Samsung para priorizar o buscador nos aparelhos das respectivas marcas, e a venda de unidades da companhia — o Chrome é o mais cotado nesse caso, mas punições mais graves também poderiam incluir o Android.
A audiência deve ouvir representantes de diversas empresas de tecnologia nas próximas semanas, segundo o site Reuters. O chefe de produtos da OpenAI, Nick Turley, deve ser ouvido pelo tribunal nesta terça-feira (22), enquanto o Google pretende trazer porta-vozes de Mozilla e Verizon para testemunharem a seu favor.
O advogado do Departamento de Justiça David Dahlquist, que abriu a audiência, já reforlou a necessidade de mostrar “consequências por quebrar as leis antitruste”, mas também entende que “as medidas da Corte não podem ignorar o que há no horizonte”, pensando nas implicações para o desenvolvimento de IA.
A previsão é de que o resultado final seja publicado em agosto deste ano. Paralelamente, o Google perdeu outro processo judicial nos EUA recentemente, desta vez sobre práticas antitruste no mercado de anúncios digitais.
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