Neste 23 de abril, o Rio de Janeiro celebra São Jorge, reverenciado como símbolo de resistência e proteção. As homenagens ocorrem em diversas formas: missas, procissões, feijoadas, rodas de samba e expressões artísticas. A devoção ao santo transcende as igrejas, estando presente nas ruas, na moda e na cultura carioca.
Mesmo após o falecimento do Papa Francisco, cujo nome de batismo era Jorge, as celebrações foram mantidas. O pontífice instituiu, em 2016, o feriado no Vaticano em honra ao mártir. Hoje, será homenageado na alvorada da matriz de Quintino, marcada para as 5h, uma das muitas solenidades dedicadas a São Jorge espalhadas pela cidade.
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Fé que move multidões
Na igreja da Praça da República, no Centro, estão programadas 12 missas a partir das 5h. O público esperado nas celebrações ultrapassa 1,5 milhão de fiéis. Além das cerimônias religiosas, a devoção se manifesta em feijoadas, festas nas escolas de samba e rodas de samba. A imagem do santo montado em seu cavalo branco é onipresente: vitrines de lojas, quadros em bares e salões de beleza, além de tatuagens nos corpos dos devotos.
Arte na pele e na moda
O tatuador Leandro Azevedo, do Tattoo Móvel, relata a procura por tatuagens de São Jorge como forma de expressar fé. “Fazemos tatuagens das grandes às pequenas, das mais diferentes formas e para um público bastante variado”, afirma.
Na moda, a marca Complexo B, de Beto Neves, mantém uma coleção permanente dedicada ao santo. “Com todas as desculpas a São Sebastião, São Jorge é o rei do Rio”, declara o estilista, destacando a popularidade crescente após a oficialização do feriado na cidade e no estado.
Literatura inspirada no guerreiro
O escritor Eduardo Spohr, morador de Copacabana, lança hoje o último volume da trilogia “Santo Guerreiro”, intitulado “O Império do Leste”. A série, que já vendeu cerca de 40 mil exemplares, reconta a vida de São Jorge sob uma perspectiva histórica. “Sua resistência representa a nossa resiliência com relação às dificuldades da vida”, define o autor.
Presença marcante no samba
No samba, São Jorge é padroeiro de várias escolas. No Império Serrano, acumula também a função de padrinho. “Quando o Império surgiu, em 1947, a escola decidiu que teria um padrinho. São Jorge foi escolhido e se tornou padroeiro e padrinho”, conta Paula Maria, vice-presidente cultural da agremiação.
Raízes históricas e sincretismo
O historiador Luiz Antônio Simas explica que o culto a São Jorge é uma herança portuguesa, fortalecida pelo sincretismo com o orixá Ogum. “São Jorge é um santo muito próximo das pessoas. Ele pertence àquela categoria que as pessoas buscam para pedir superação de dificuldades do dia a dia”, afirma.
Curiosidades sobre o santo
- Imagem equestre: A associação de São Jorge com o cavalo pode ter origem no significado do nome Capadócia, que seria “terra dos belos cavalos”.
- Origem: Segundo Eduardo Spohr, São Jorge teria nascido em Lida, atual Israel, teoria apoiada por Edward Gibbon, autor de “Declínio e queda do Império Romano”.
- Sincretismo reverso: No tempo em que viveu, os cristãos perseguidos cultuavam deuses permitidos pelos imperadores, como Isis, no lugar da Virgem Maria.
- Lenda do dragão: A história do santo enfrentando um dragão surgiu quase mil anos após sua morte, em uma cidade da Líbia assolada por uma criatura.
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