Os mercados de câmbio e ações tiveram mais um dia de resultados positivos no Brasil. Nesta quarta-feira (23/4), o dólar fechou em queda de 0,16%, cotado a R$ 5,71, depois de ter atingido a mínima de R$ 5,65. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), operava em alta de 1,53%, aos 132.459 pontos, pouco antes do encerramento do pregão.
Foi assim no Brasil. Foi assim no mundo. Em massa, os investidores reagiram de forma positiva à pirueta verbal dada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano recuou várias casas em duas frentes de ataque com as quais vinha provocado grande incerteza – e, com isso, instabilidade – nos mercados globais.
Trump disse, por exemplo, que não pretende se livrar do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell. Na sexta-feira (18/4), porém, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, havia afirmado que o republicano e sua equipe estudavam a demissão de Powell.
Agora, Trump afirmou que não, nunca teve “essa intenção”. “A imprensa exagera tudo”, acrescentou. Embora a saída de Powell não fosse um ato tão simples, a reação negativa do mercado estava associada à interferência política sobre a gestão do BC americano. Trump quer uma queda rápida dos juros, para evitar o desaquecimento da economia. O Fed, contudo, está de olho na inflação, que pode subir diante do tarifaço anunciado pelo republicano.
Tarifas da China
O presidente dos EUA também mudou de tom a respeito da guerra comercial. Nesse caso, atenuou o discurso em relação aos chineses. “Acho que vamos chegar a um acordo com a China”, afirmou, mas com uma ressalva: “Se eles não fecharem um acordo, vamos ditar os termos”.
Trump acrescentou que as sobretaxas dos importados do país asiático não ficarão nos patamares anteriormente anunciados. “A tarifa não será tão alta quanto 145%, não chegará nem perto”, disse. “Mas também não será zero.”
Apesar das ressalvas, o mercado global comemorou a mudança de postura de Trump. De acordo com o jornal Washington Post, ela foi resultado de pedidos feitos por assessores ao presidente dos EUA. Conversas com empresários também teriam pesado na alteração.
Avanço na Ásia
Seja como for, as Bolsas da Ásia festejaram. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou em alta de 1,89%. Em Seul, na Coreia do Sul, o Kospi avançou 1,57% e, em Hong Kong, o Hang Seng subiu 2,37%. Na China continental, contudo, o Xangai Composto teve leve queda de 0,1%, número que, na prática, indica estabilidade do mercado.
Europa em alta
A Europa seguiu na mesma toada: os principais índices registraram elevação. O Stoxx 600, que reúne ações de 600 empresas de 17 países, subiu 1,78%. Na Bolsa de Londres, o FTSE 100 avançou 0,9% e, em Paris, o CAC 40 valorizou 2,13%. O maior salto, porém, ocorreu em Frankfurt, na Alemanha, onde o DAX disparou 3,14%.
Recuperação em Wall Street
As Bolsas de Nova York, cujo fechamento é posterior, também ficaram no azul. Às 16h40, o Dow Jones registrava alta de 0,85%, o S&P 500 avançava 1,48% e o Nasdaq, que concentra ações de empresas de tecnologia, saltava 2,21%.
Às 11h30, porém, essa valorização era muito maior. O Dow Jones subia 2,73%; o S&P 500, 3,27%; e o Nasdaq, 4,23%.
Sinal do ouro
A cotação do ouro foi outro sinal do alívio entre investidores com a mudança de postura de Trump. Na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do metal para junho caiu 3,66%, fechando a US$ 3,294 por onça-troy (31,1 gramas). Ao longo do dia, o metal chegou a atingir a máxima de US$ 3,396. Na terça-feira (22/4), o ouro bateu um recorde histórico durante um pregão, ao alcançar US$ 3.509,90.
Brasil
No Ibovespa, às 16h50, 66 ações registravam alta, nove estavam estáveis e 12 em queda. Pelo segundo dia, a Vale, que tem grande peso no índice, foi um dos destaques do pregão, com elevação de 1,26%. Os bancos também subiram: Bradesco 3,08%, Itaú 1,85% e Santander 0,48%.