Suspeito de matar estudante foi achado com perfurações na região anal

São Paulo — O suspeito de matar a estudante da USP Bruna Oliveira da Silva, identificado como Esteliano José Madureira, foi esfaqueado mais de 10 vezes, concentradas na região anal e na nuca. Ele foi encontrado na na noite dessa quarta-feira (23/4) na Avenida Morumbi, zona sul de São Paulo, com sinais de tortura.

De acordo com informações do Boletim de Ocorrência obtido pelo Metrópoles, as facadas atingiram, ainda, o tórax e o abdômen do suspeito. Esteliano também foi baleado na nuca.

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Corpo de Esteliano foi encontrado na Avenida Morumbi

Foto de Esteliano José Madureira divulgada pela SSP
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SSP confirmou que homem morto é suspeito de ter matado Bruna

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Corpo de Esteliano foi encontrado na Avenida Morumbi

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Foto de Esteliano José Madureira divulgada pela SSP

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O corpo estava com as pernas atadas e em posição fetal enrolado em uma lona azul, que estava amarrada por um um cobertor cinza.

Ele foi encontrado por funcionários de uma obra da região por volta de 12h, que estranharam a lona que havia sido deixada no meio da via. Ao verificar que era um cadáver, os funcionários acionaram a polícia, que chegou no local por volta das 21h17 da noite.

“Pela quantidade e natureza das lesões, entendemos que a morte se deu de forma dolorosa, com emprego de tortura”, diz o boletim de ocorrência.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que policiais do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) encontraram o corpo enquanto buscavam pelo suspeito, após a Justiça deferir o pedido de prisão temporária contra Esteliano.

Segundo a SSP, além de ter pedido a prisão temporária do suspeito, a equipe do DHPP aguardava o resultado dos exames periciais do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML).

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Bruna deixa um filho

Filho de 7 anos de Bruna, encontrada morta em estacionamento da zona leste de São Paulo, ainda não sabe da morte da mãe
Ela era formada em turismo
Jovem de 28 anos fazia mestrado na USP
Bruna e Karina, amigas há quase 12 anos
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Bruna foi encontrada nos fundos de um estacionamento

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Bruna deixa um filho

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Filho de 7 anos de Bruna, encontrada morta em estacionamento da zona leste de São Paulo, ainda não sabe da morte da mãe

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Ela era formada em turismo

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Jovem de 28 anos fazia mestrado na USP

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Bruna e Karina, amigas há quase 12 anos

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Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, foi encontrada morta em um estacionamento, na zona leste de SP

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Perseguição

Câmeras de segurança flagraram o momento em que o homem segue e aborda Bruna Oliveira da Silva em uma avenida na zona leste da capital. Veja: 

Na última quinta-feira (17/4), Bruna foi encontrada nos fundos de um estacionamento, na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina, na zona leste de São Paulo. A mestranda da USP estava desaparecida desde 13 de abril e havia sido vista pela última vez no terminal de ônibus da estação de metrô Corinthians-Itaquera.


Relembre o caso

  • Bruna desapareceu no trajeto entre a estação Corinthians-Itaquera do metrô e casa onde morava com os pais, na zona leste.
  • Ela voltava da casa do namorado, no Butantã, zona oeste.
  • No terminal da estação Itaquera, ela precisou carregar o celular em uma banca de jornal. Nesse momento, chegou a mandar uma mensagem para o namorado pedindo dinheiro para voltar para casa por carro de aplicativo, porque já estava tarde.
  • Ele transferiu o valor, mas o celular da estudante teria descarregado e não foi mais possível ter contato com ela.
  • Conforme Karina Amorim, amiga da vítima, a última vez que ela acessou o WhatsApp foi às 22h21 do domingo (13/4).
  • A família de Bruna entrou em contato com a plataforma de carros de aplicativo, que informou que a jovem não chegou a solicitar uma corrida naquela noite.

Protesto

Estudantes da USP Leste, responsável pelos cursos de arte, ciência e humanidades, realizarão um ato simbólico nesta quinta-feira (24/4), “a fim de exigir justiça e cobrar seriedade nas investigações”.

Segundo as estudantes, ainda não foi esclarecida a situação que os policiais militares encontraram o corpo da estudante. Os policiais registraram o caso como morte suspeita, “não coletando provas no momento de levar o corpo e atrapalhando as investigações do DHPP”.

O documento também diz que o caso da Bruna não é isolado e “que as mulheres são violentadas cotidianamente”. Além disso, o grupo afirmou que está articulando com coletivos feministas, movimentos sociais, parlamentares e movimentos estudantis a participação no ato.

As estudantes pedem medidas concretas que atendam a realidade da população, que as políticas de atendimento às mulheres sejam articuladas com diversas redes de atendimento e que as câmeras de segurança sejam abertas: “A família, os estudantes, os professores, os funcionários e todos aqueles que tiveram contato com Bruna exigem justiça e resposta para esse crime brutal e cruel”.

Namorado relembra cronologia

Bruna havia ido para a casa de Igor Sales, seu namorado, que fica no Butantã, na zona oeste, na semana anterior. No sábado, voltou para a residência da família, em Itaquera, e, depois, foi se encontrar com uma amiga. Bruna voltou para a casa de Igor no mesmo sábado à noite, contra o conselho do namorado.

“Eu tinha falado para ela não vir, porque ela tinha que pegar o filho dela no domingo de manhã”, disse.

Segundo Igor, era comum Bruna ter que insistir para que o ex ficasse com o menino. No domingo, ela pediu para o pai de seu filho levar a criança na segunda-feira de manhã. Assim, ela poderia ficar mais tempo da casa do atual namorado.

O ex não concordou com a mudança. Bruna, então, pediu para o ex combinar com seu pai um encontro na estação de metrô para que ele entregasse a criança.

“Ela ficou comigo até 20h, até o limite, porque o pai dela tinha que ir trabalhar às 22h30, então, ela tinha que ir embora”, lembrou Igor. Ele diz que ofereceu, como sempre fazia, levá-la de moto até em casa. Porém, como havia chovido muito no Butantã, Bruna pediu apenas uma carona até a estação de metrô.

Igor contou que Bruna chegou à estação Itaquera por volta de 22h. Lá, descobriu ter perdido o ônibus que passava próximo à sua casa e decidiu fazer o trajeto a pé. Igor pediu que ela pegasse um carro de aplicativo e transferiu o valor para que a jovem pagasse a corrida. Às 22h09, ela disse que estava carregando o celular em uma banca de comércio e que iria esperar até que o valor da viagem via app ficasse mais barato. Às 22h19, ela mandou: “Estou indo”.

“Depois de 10 minutos eu mandei mensagem, perguntando se tinha dado certo, porque [a estação] é bem próxima da casa dela. Não dá nem cinco minutos. A mensagem chegou, mas ela não respondeu. Comecei a ligar e nada”, contou Igor.

Ele achou que a namorada poderia estar sem energia elétrica em casa e, como estava sem bateria antes, teria ido dormir. Durante a madrugada, Igor acordou algumas vezes e conferiu o celular, ainda sem resposta de Bruna.

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