O pastor Silas Malafaia criticou a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de não colocar em votação, neste momento, o requerimento de urgência do projeto de lei que concede anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Segundo Motta, a decisão foi tomada após reunião com os líderes partidários, que decidiram adiar a votação. O objetivo, segundo ele, é evitar uma nova crise entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), já que o tema ainda divide os parlamentares. “Tenho que, enquanto presidente, decidir a pauta. A pauta é um dever do presidente”, afirmou o deputado.
Malafaia, no entanto, criticou duramente a atitude do parlamentar. Em mensagem enviada ao Metrópoles, o pastor acusou Motta de desrespeitar a vontade da maioria dos deputados. “Esse aí [Motta] é um frouxo, covarde, acomodado com Lula, Alexandre de Moraes e o STF. Ele não respeita a decisão da maioria. Ele não respeita nada”, disparou o líder religioso.
O pastor também questionou a relação entre a proposta de anistia e o Supremo Tribunal Federal. “Eu pergunto a você: o que anistia tem a ver com o STF, com o governo Lula? Isso pertence ao Congresso.”
Malafaia comparou ainda a proposta atual com a anistia concedida, no passado, a militantes da esquerda. “Eu fico com vergonha de ver a falta de caráter, humanidade da esquerda, que lutou por anistia de assassinos, guerrilheiros, terroristas, assaltantes de bancos, sequestradores de embaixadores. E hoje, na maior cara de pau, por que isso? Medo de Bolsonaro. O resumo de tudo isso é medo de Bolsonaro.”
Segundo apuração Metrópoles, a decisão de adiar a votação foi tomada após um jantar entre Motta e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após o encontro, o presidente da Câmara consultou os líderes partidários, que avaliaram que a proposta poderia causar uma nova crise institucional, especialmente com o Judiciário. A solução discutida entre eles seria reformular o texto para deixar claro que a eventual anistia não incluiria os supostos mandantes dos atos.
O recuo na tramitação gerou reações no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O próprio Sóstenes ameaçou um rompimento com Motta e disse que o partido poderia obstruir votações nas comissões da Casa.
Para Malafaia, a motivação por trás da decisão vai além do conteúdo do projeto. “Pessoas inocentes, incluindo Bolsonaro, que não quiseram dar golpe, que não têm prova de golpe, com narrativas mentirosas, sem prova de nada, vão continuar na cadeia. Enquanto essa escória, esse esgoto da política que Hugo Motta representa”, declarou.
O pastor também criticou duramente o presidente Lula, a quem chamou de “ex-condenado” e “pau mandado” do STF. “Lula não tem nariz, não manda em nada, porque é um ex-condenado que come na mão do STF. É o resumo da ópera.”
Enquanto isso, partidos governistas e de esquerda seguem contrários à proposta. Para esses grupos, a anistia enfraqueceria a democracia ao beneficiar envolvidos em atos que tentaram desestabilizar as instituições.