“Um artista corajoso”. Era assim que Edy Star, parceiro de Raul Seixas que morreu aos 87 anos na quinta-feira (24/4), se definia nas redes sociais. O artista plástico baiano, de Juazeiro, chamava a atenção por seu visual andrógino e o jeito irreverente.
Ele estava internado em estado grave e faleceu devido à insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda, após sofrer um acidente doméstico há alguns dias. O velório dele acontece nesta sexta-feira (25/4), das das 10h às 13h, no Cemitério do Araçá.
Mas quem era ele? Conheceu Raul Seixas ainda na infância e é celebrado até hoje pela parceria com o artista o álbum coletivo Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10, de 1971. Além disso, ele participou de filmes, dirigiu peças e chegou a ser dono de um bordel em Madri, na Espanha.
Mais detalhes
Na década de 50, Edy Star trabalhou como desenhista-vitrinista da loja O Cruzeiro de dia, em Salvador, e à noite se aventurava pelos bares e bodeis da cidade, cantando com Glauber Rocha e Gilberto Gil, que na época tocava acordeom na TV Itapoã.
Nos anos 1960, dividiu a mesma banda de Raul Seixas nas chamadas sessões de rock, que aconteciam no Cine Roma uma vez por mês. Ele também é conhecido como o o primeiro artista brasileiro a se assumir homossexual durante uma entrevista à revista Fatos e Fotos, quando estava lançando seu primeiro disco.
Na ocasião, foi questionado ao que ele creditava todo o sucesso e respondeu, sem pensar: “Porque eu assumi o que eu sou”, garantiu.
Convite para a TV
O jeito descontraído de Edy Star chamou a atenção da TV Globo e ele chegou a ser contratado pela emissora dos Marinho. Porém, nunca assumiu nenhum programa, ficando na geladeira. Na ocasião, opinou sobre o assunto: “Nunca gravei um programa, não sei se por homofobia. Não faço a menor ideia”, disse.
O artista deixou um álbum inédito, gravado no ano passado. A obra conta com o repertório de Raul Seixas e a participação do cantor Edson Cordeiro.