Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, registraram pela primeira vez símios não humanos consumindo e compartilhando frutas com teor alcoólico. As imagens foram divulgadas junto com os resultados dos estudos nesta segunda-feira (21), na revista científica Current Biology.
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Os registros foram feitos no Parque Nacional Cantanhez, localizado na Guiné-Bissau, e mostram chimpanzés comendo a fruta-pão africana fermentada. Esse alimento contém etanol, e testes apontaram que os níveis de teor alcoólico mais alto encontrado chegou a 0,61% de álcool por volume (ABV).
“Para os humanos, sabemos que beber álcool leva à liberação de dopamina e endorfinas, resultando em sentimentos de felicidade e relaxamento. Então, agora que sabemos que os chimpanzés selvagens estão comendo e compartilhando frutas etanólicas, a questão é: eles poderiam estar obtendo benefícios semelhantes?”, indagou Anna Bowland, pesquisadora do Centro de Ecologia e Conservação de Exeter, em comunicado divulgado pela instituição.
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Estudo sobre o consumo da fruta

Os cientistas usaram câmeras ativadas por movimento para filmar os símios não humanos compartilhando as frutas fermentadas, e conseguiram observar o consumo do alimento em dez ocasiões diferentes.
De acordo com os pesquisadores britânicos, é improvável que os chimpanzés fiquem bêbados com o consumo da apenas uma fruta-pão, visto que seu teor alcoólico de 0,61 ABV é relativamente baixo. Mas, como entre 60% e 85% da dieta destes animais é composta por frutas, pode ser que o consumo exacerbado do alimento tenha efeitos no organismos dos macacos.
Contudo, o impacto do álcool no metabolismo dos chimpanzés ainda é um território desconhecido pelos estudiosos. A Dra. Kimberley Hockings, também da Universidade de Exeter, destaca que é necessário descobrir quantas vezes por dia os símios procuram pela fruta alcoólica para, assim, obter mais parâmetros de análise.
“Precisamos descobrir mais sobre se eles procuram deliberadamente frutas etanólicas e como as metabolizam, mas esse comportamento pode ser o estágio evolutivo inicial do ‘banquete’. Se for assim, isso sugere que a tradição humana de festejar pode ter origens profundas em nossa história evolutiva”, ressaltou a cientista.
Confira o estudo na íntegra na Current Biology.
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